Leonardo Sodré
Jornalista e escritor
João Fulô morava na cidade de Pedro Avelino, interior do Rio Grande do Norte. Morreu com 103 anos e vivia da renda de três cabarés que mantinha na cidade. Costumava dizer que tinha 120 mulheres, mas que tinha ficado sozinho no final da vida, embora aconselhasse seus filhos a ter de dez a doze amantes para ver se sobrava uma. Era um humorista nato e conhecia tudo de sua cidade. Onde estivesse sempre tinha um grupo ao seu redor escutando suas histórias.
Um dia, morando em Pedro Avelino e em Natal, circunstancialmente, pega uma carona com um fazendeiro da região, para Natal. O tal fazendeiro tinha inimizade com um dos seus irmãos, que havia levado um chifre recente da mulher e estava doido para saber se a história já havia se propagado. Chamou João Fulô para ir conversando com ele. No caminho, provocou:
- Fulô, quantos cornos tem em Pedro Avelino?
Fulô pensou um pouco, fez umas contas nos dedos e respondeu:
- Tem quarenta, doutor...
- E quem são eles?
Aí, Fulô começou a dizer os nomes. Alguns bem antigos, gente que até já tinha morrido. Outros mais recentes, mas não tocou no nome do irmão do fazendeiro.
Quando chegaram à casa do filho de Fulô, ele desceu, agradeceu a carona e quando já ia entrando o fazendeiro observou:
- Fulô, você disse que lá em Pedro Avelino tinha quarenta cornos, mas pelas minhas contas você somente disse o nome de trinta e oito. Quem são os dois que estão faltando?
Aí, João Fulô não contou conversa, disparou a resposta na mesma velocidade que entrava em casa, prá lá de afobado:
- Faltou dizer que um era eu e o outro o seu irmão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário