Vergou-me a alma,
Um pulo súbito no passado...
Pasmo e bobo te vejo como outrora.
Logo agora, na aurora da velhice...
Descanso o pensamento em nossa meninice
Colho maldosos, inquietantes retalhos
De uma tecedura que cuidava perdida...
Ainda há fogo sob as cinzas...
Constato.
Vejo-a tão perto
E eis que distância colossal nos separa
Ouço sua voz: julga-me o mesmo...
Surpreende-se, confessas, com a minha pouca estatura
Julgava-me mais alto...
Seus olhos assim me viam – respondo humilde.
E se a vida por capricho nos tolheu,
De juntos,
Ouvirmos os cantos sagrados das cotovias,
Resta-me o anseio de uma união para além da vida,
A mitigar-me a culpa dos fados inacabados...,
Que nem o alvor crepuscular olvida
Um sentimento desinquieto de perda,
Em um simulacro grosseiro de calma...
Abatido,
Com doída certeza...,
A verdade,
Esta que se desvendou
Ao errático encontro,
Por certo
Vergou-me a alma!
Gibson Azevedo – poeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário