Jornalista
A Editora Record e o escritor Flávio Braga acabam de lançar no mercado o livro “O olhar cingido”, que nas suas 272 páginas relatam, na forma de romance, a vida tumultuada e em busca de sucessos de um apresentador e produtor de televisão. Um passeio pelo agitado mundo das celebridades instantâneas e da frenética luta por picos de audiência. Uma ficção que não fica devendo nada para os nossos tempos de Gugu, Faustão, BBB e outras belezas de nossa combalida telinha.
O olhar cingido é uma fotografia das últimas décadas de um Brasil que foi deixando o pensamento crítico e a boa cultura de lado. Um país que mergulhou de cabeça no universo das banalidades, e que consagra bobalhões e popozudas a todo o momento. Um Brasil que adora passar horas na frente da TV vendo casais discutindo a relação em cozinhas high tech e brincando de jogos sexuais em baixo de edredons. Uma nação que adora dá aquela espiadinha.
E nesse mundo próximo, um sujeito como o personagem principal da obra, o apresentador e produtor do fictício programa Rio Sampa show, Fredo Bastos, é ícone. Um homem que não mede esforços para elevar os seus números de audiência, que faz de tudo para atingir pontos para os seus programas. Um sujeito que promove encontros com a criminalidade ao mesmo tempo em que corteja os grandes nomes das emissoras. Uma cobra que sabe onde todas as portas se fecham e todas as janelas se abrem. O tipo de figura que ganhou força no Brasil dos últimos anos: o homem de mídia sempre disposto a atender os desejos do público e explorar sua ânsia natural por sexo e violência.
O jornalista Palmério Dória, autor do livro “Honoráveis bandidos”, que trata sobre o clã de José Sarney, explicou em uma entrevista para um jornal paulista sua idéia de que grande parcela de nossa sociedade está saindo do estagio da ignorância total para a de idiotas completos. E ele defende que uma das culpadas por essa situação é a grade de nossas emissoras de TV, com programas como os já citados no início do texto.
Fica a dica de leitura: O olhar cingido, de Flávio Braga. Um verdadeiro soco de realidade na cabeça do leitor.
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