sábado, 25 de dezembro de 2010

Doar para fazer média

Paulo Correia
Jornalista

Essa eu li em um dos jornais da cidade: alguns membros de famílias ilustres de Natal doaram para a Fundação José Augusto (FJA) as coleções de livros pessoais de familiares mortos, que em vida construíram uma boa biblioteca e que após a morte não vendo mais uso para tantos calhamaços, seus filhos, esposas e irmãos deixaram no órgão estadual de cultura para serem cuidados pela instituição. Mas com uma ressalva: não podem, de forma alguma, ser transferidos para a Biblioteca Câmara Cascudo, a principal do RN, e que sofre a carência de tudo, principalmente de livros. Desculpe quem se sentir ofendido, mas nada mais natalense do que esse ato.
Nos números divulgados pelo diretor da Câmara Cascudo, Márcio de Farias, a contagem já bate na casa dos mil livros estocados. Todos em bom estado e que poderiam dar um fôlego de qualidade para as prateleiras da biblioteca, mas que aguardam a boa vontade dos familiares de mortos ilustres de Natal.
Uma pena que ainda existam pessoas tão mesquinhas assim, que preferem ver as suas coleções de livros se acabarem pela ação do tempo a doarem para uma biblioteca. Uma atitude que poderia difundir o conhecimento e que talvez fosse à vontade do familiar falecido.
Qual é a real intenção dessa gente, fazer média? Dizer que doaram livros, alguns bem raros, para alimentar um ego do tamanho do Brasil? Ou será que desejavam se livrar das tralhas do morto, do monte de papel que ele guardava? Ô elite sem futuro!
Sei não Natal. Sei não.

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