segunda-feira, 4 de abril de 2011

PRECONCEITO É UMA ANOMALIA DO CARÁTER

Yasmine Lemos
Jornalista


Duas coisas que me fazem sentir mal físico e emocional a ponto de me deixar estagnada: injustiça e preconceito. Longe dos discursos “modelo”, meu horror ao ouvir as declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP) contra a cantora Preta Gil. Nelson Rodrigues já dizia que nome é destino, e Preta carrega registrado em cartório sua história, sua cor, como tantos outros. Contra negros ou homossexuais, o deputado vem aumentado a sua falácia com uma crueldade tamanha que chega a arrepiar quem ouve.

Minha pele é branca, meu avô materno era um negro, meus avós paternos descedentes de portugueses, minha bisavó judia e assim a mistura vai longe. Sei que é fácil falar, defender, mas sei que cada um já deve ter passado por alguma situação de humilhação ou injustiça. Preconceito é uma anomalia do caráter. Não se obriga a ninguém a gostar de outro, mas o respeito ao próximo é dever para se viver numa sociedade com dignidade.

Já fui vítima do preconceito ideológico, pequena eu era a filha do comunista, do exilado, do torturado, e o tempo não me fez esquecer nenhum detalhe de cada situação, nem daqueles que me tiraram a comida da boca literalmente, nem dos olhares indiferentes.

O lamentável deputado tem que ser punido sim, democracia não pode ser confundida com falta de respeito.

Deixe quem quiser ser o que for cabelo azul, amarelo, pele clara ou vermelha, gay ou hetero, ninguém sabe o dia de amanhã, somos uma grande tribo, as linhas dos caminhos se cruzam e muitas se esbarram e sangram as nossas próprias palavras e falas impensadas.

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