*Jéssica Morais de Moura
Estudante de Políticas Públicas na UFRN
Era uma terça-feira e fazia sol por volta das 12h horas, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte estava em pleno desenvolvimento de atividades. Próximo ao prédio da Reitoria uma multidão de alunos se aglomerava no ponto de ônibus, disputando uma brecha de sombra proveniente das árvores e provavelmente esperando o circular da UFRN, o meio de transporte mais utilizado pelos estudantes dentro da universidade. Eu, observadora da cena, havia saído do CCHLA para almoçar em minha casa, e como já estava próxima a parada de ônibus, resolvi esperar o circular me juntando aquelas várias pessoas no aguardo do ônibus.
Diante da chegada deste, o caos se formou. A correria, os empurrões e as filas, e como resultado da minha inexperiência quanto a “pegar o circular”, foi o fim da mesma. Aos poucos, os estudantes se enlatavam naquela lata sardinha, se espremiam num constante sentimento de solidariedade. Até o motorista se comovia com a situação apertada dos alunos. Faltavam três pessoas e finalmente chegaria a minha vez de subir no ônibus, exclusivamente subir porque sentar era algo impraticável naquelas circunstâncias. Constatei que a situação estava complicada quando ouvi os gritos: “afasta, afasta”, “ocupa o meio, ocupa o meio”, “ta lotado, lotado”, “vamos motorista, aqui não cabe mais nem uma formiga”. Inevitavelmente e com bastante dificuldade as portas do circular se fecharam. O ônibus partiu levando aquelas pessoas como se fossem objetos, como se elas não tivessem o direito de se locomover com qualidade.
Aquele cenário me fez refletir sobre a qualidade do sistema de transporte coletivo utilizado dentro da Universidade Federal. A frota de ônibus é inferior a sua demanda e o descaso dos responsáveis é superior a quantidade de alunos que precisam utilizar aquele meio de transporte. A cada ano milhares de estudantes ingressam na faculdade, porém não existe um aumento da oferta do circular. Enquanto não se implementa uma infraestrutura de mobilidade em consonância com o número de usuários, o cenário se repete: estudantes se amontoam no espaço físico limitado daquele meio de transporte.
E eu? Bem, me restou ligar para a minha irmã e fazê-la compreender que eu precisava que ela fosse me buscar. Diante daquelas circunstâncias e do horário avançado recorri a soluções mais próximas da minha realidade. Porém, fica a dúvida: E quem não tem outro meio de transporte para utilizar? O que fazer para chegar ao seu destino? Acredito que essa reposta vai além da simples submissão humana aquelas condições, é preciso criar as estratégias e ser bastante ágil para conseguir ser o primeiro da fila ou, de modo menos irônico, mobilizar, reivindicar, lutar e exigir por melhorias do circular.
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