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Jornalista
paulo.correia@r7.com
As folhas locais divulgaram esses dias que um policial militar, licenciado do 9° Batalhão, localizado na Zona Oeste de Natal, foi preso em flagrante vendendo pedras de crack na Avenida Antônio Basílio. O PM, de 54 anos, estava à paisana quando foi detido por colegas do próprio batalhão. No momento da prisão, ele alegou que era usuário da droga e que não estava comercializando o entorpecente.
Lendo essa notícia, fiquei pensado em como anda o nosso quadro de policiais militares e civis. Como está sendo tratada a questão do vício, seja ele qual for, de nossos homens da lei. Não é de hoje que observo, com espanto, esses casos extremos na força policial do Rio Grande do Norte. São dezenas e dezenas de homens e mulheres, submetidos todo santo dia a pressões gigantescas, que sucumbem ao vício em narcóticos e, por um caminho muito próximo, também acabam caindo no tráfico. Se nesse caldeirão também se encontram bandidos disfarçados de policiais? Isso é óbvio. Para esses, o rigor máximo da Justiça tem que ser aplicado.
Mas o que chama a atenção é o descaso e o total despreparo dos nossos governantes com os policiais doentes. Com o homem que recebe pouca ou nenhuma atenção social dos seus superiores e do Governo que os manda para as ruas todos os dias. Esse descuido, em um setor nevrálgico de nossa sociedade, é um verdadeiro atestado de incompetência. E isso não é de hoje.
Os casos estão ai. Todos os dias. Alguns passam despercebidos de grande parte da população e não geram nenhuma notinha de jornal. Mas eles acontecem. E volto a dizer: todos os dias. Alguns disfarçados de brigas de marido e mulher, outros de surtos nas patrulhas noturnas. Quase todos, abafados em sindicâncias que não saem das gavetas.
Quem bem retratou a vida desses homens da Lei foi o escritor e cineasta Leonardo Gudel, no seu livro Sangue Azul. Na publicação lançada em 2009, o autor conversou com um soldado da PM carioca e relatou nas páginas do livro a trajetória desse homem que viveu de tudo nas intermináveis noites de perseguições em favelas e que terminou com a sua separação da esposa e filho. Um caminho tumultuado pelos extremos e violência diária.
Um caminho que muitas vezes é sem volta.
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