Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com
Estamos bem próximos do período junino. Época de festas regadas com muito forró por todo o Nordeste brasileiro. Época de bandas como Aviões, Garota Safada, Cavaleiros do Forró e Saia Rodada ganharam rios de dinheiro, animando cidades e mais cidades pelo interior afora. Mas será que é somente nesse período do ano que esses conjuntos musicais conseguem essa boa visibilidade e esses bons valores por suas apresentações?
Se pararmos para observar, e isso não é muito difícil, de uns 20 anos para cá, esse novo forró, conhecido como Forró eletrônico ou Oxente Music, dispara na preferência de 9 entre 10 jovens na região Nordeste. Se no início dos anos de 1990, bandas como Matruz com Leite, Cavalo de Pau e Magníficos eram pioneiras na busca por esse novo formato de forró, com a implantação de guitarras elétricas, dançarinos em cima do palco e, principalmente, com estruturas de som e luz de dar inveja a muita gente do meio artístico, hoje elas já são consideradas dinossauros pela turma mais jovem. Em um curto espaço de tempo, essas bandas e suas letras que falam de amores mal correspondidos, foram suplantadas pelas batidas fortes e músicas que falam de cachaça, mulheres pouco corretas e... Mais cachaça. Em resumo, as letras de Eliane, compositora nascida no estado do Ceará e considerada a Rainha do Forró, foram esmagadas pelo fenômeno Xandy e Solange, líderes da banda Aviões do Forró.
Assim como toda expressão cultural, esse novo forró também trás com ele modernidades e concepções que alteram não somente o gosto do ouvinte, mas, também a sua relação comportamental com os outros. Um bom exemplo dessa mudança é o modo de vestir e os anseios do jovem, principalmente, do jovem de cidades pequenas. É claro que não é somente o forró eletrônico que tem o poder de modificar as atitudes dos jovens. Seria muita ingenuidade escrever uma coisa dessas. Já que é inerente ao jovem a mudança, a transformação, a rebeldia. E isso é aqui em Natal, em Jardim do Seridó ou em Nova York. Mas é também muito claro, para todos, que esse estilo musical consegue aglutinar, com suas letras e bandas, um maior número de idéias que passam a girar no universo da garotada de uma forma que outros meios não conseguem ou conseguiram lá atrás.
Independente de serem boas ou ruins, as canções dessas bandas de forró conseguem mostrar uma fotografia de como são as ruas, bares, motéis e a vida desses adolescentes e jovens do Nordeste brasileiro.
Hoje, “Xote das Meninas” de Luiz Gonzaga, continua sucesso e é uma verdade de toda moça, mas canções como “Beber, Cair e Levantar”, “Motel disfarçado” e “Eu Não Quero Me Amarrar” são mais demonstrativas com a realidade desse público.
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