quarta-feira, 27 de outubro de 2010

AHT: MINISTÉRIO DA SAÚDE OUVE SÓ UMA DAS PARTES

Walter Medeiros*
waltermedeiros@supercabo.com.br

O Ministério da Saúde está deixando à margem de todas as políticas públicas de saúde uma parcela considerável da população, que faz uso da auto-hemoterapia, a qual trata como “procedimento médico a ser reconhecido pela comunidade científica pertinente à atividade médica”. Isto fica claro no Despacho Nº 292/2010, da Coordenadoria Geral de Sangue e Hemoderivados, datado de 30 de setembro de 2010. Segundo aquela coordenadoria, não cabe seu posicionamento nem “avaliação da pertinência do procedimento de ‘auto-hemoterapia’ até que haja alteração do posicionamento do Conselho Federal de Medicina, bem como de outros órgãos de referência científica da área médica”. O despacho serviu pra fundamentar resposta, em 14.10.2010, ao ofício do Senador Eduardo Suplicy (PT/SP) que solicitava informações a respeito do uso da auto-hemoterapia no Brasil.

Os órgãos do Ministério da Saúde não levaram em conta nenhuma possibilidade de tratar com respeito uma parcela imensa da população que depende da auto-hemoterapia para garantir a sua própria saúde e bem-estar. Simplesmente anexaram documentação contestada e ultrapassada, que não leva em conta pelo menos a posição do CFM, o qual passou a considerar o procedimento denominado Tampão Sanguíneo Peridural como prática médica no âmbito da auto-hemoterapia e de eficácia comprovada. Deixou também de levar em conta o procedimento Plasma Rico em Plaquetas, outra forma de auto-hemoterapia que vem sendo usada por médicos sem qualquer restrição.

Deixam de fazer qualquer alusão a milhões de casos de tratamento de cerca de trezentas enfermidades já citadas como tendo sido tratadas com ajuda da auto-hemoterapia. Além do mais, a resposta do Ministério da Saúde despreza todos os trabalhos científicos e pesquisas feitas através da história, em nome de uma burocracia nociva à saúde, sem levar em consideração a missão social do Ministério da Saúde. É estranho por que o Ministério da Saúde não adote qualquer providência com vistas a documentar o que já é comprovado cientificamente, bem como oferece condições para a pesquisa comprobatória da eficácia ou ineficácia da auto-hemoterapia para cada enfermidade sobre as quais já foi alegado que teve experiências bem sucedidas.

Mas existe outro aspecto que precisamos ver com atenção. Em nenhum momento o Ministério da Saúde se dispõe a ouvir o outro lado, o lado dos usuários da auto-hemoterapia, que estão se beneficiando com o uso da técnica há mais de 150 anos. Pois se prestarmos atenção existe um desequilíbrio no trato desse assunto, já que só quem tem poder de falar oficialmente é um lado. O CFM é do lado contrário à AHT, quando deveria estar ao lado da verdade. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que devia dizer ao CFM o que devia fazer, faz o contrário: pergunta ao CFM se pode ou não. E fica do mesmo lado. A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia – SBHH acompanha a ANVISA e o CFM, que também é acompanhado pelo Conselho Federal de Enfermagem. Tudo de um lado só, portanto.

O outro lado é o lado do usuário, enfermo, que precisa usar a técnica que vem dando certo e está com seu uso suspenso, embora não haja nenhuma lei que proíba seu uso no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. Este lado é desprezado e quando alguém, como o Senador Suplicy envolve-se no problema e pede informações, fica à mercê de respostas vazias, evasivas, desatenciosas, pois nesse último documento recebeu do Ministério da Saúde até como “Dep. (deputado)” foi tratado, sem desmerecer aquela outra categoria de parlamentares federais.

*Jornalista

Leia mais sobre auto-hemoterapia no site http://www.rnsites.com.br/auto-hemoterapia.htm

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