segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E O VENTO NÃO LEVOU

Por Valério Andrade*

Mais uma vez, por pouco, muito pouco, o Festival de Cinema, Vídeo e Televisão não saiu de cartaz em 2010. Lamentavelmente, e também, mais uma vez, os obstáculos intransponíveis ocorreram aqui mesmo, na nossa querida Natal.
Não jogamos pedras em nenhum dos eventos culturais de nossa cidade, mas, tal postura e conduta ética, não impede que o FestNatal seja alvejado pelas mãos da inveja e da ingratidão. Mas, isso há muito tempo deixou de ser novidade.
O que é totalmente injustificável perante à classe artística nacional, é que após 23 de existência, e de ser o mais antigo do Nordeste e o quarto (em continuidade o) mais antigo do Brasil, o FestNatal ainda não tenha merecido o patrocínio permanente do Governo do Estado e da Prefeitura do Natal.
Ao contrário do que ocorreu em outros festivais, e não apenas nos do Rio de Janeiro e de Gramado, a participação local sempre ficou a mercê da boa ou da má vontade dos governantes. Geraldo Melo acreditou no pioneirismo do evento. Garibaldi Filho garantiu a continuidade. Com Wilma, o veto. Apenas duas vezes, uma para atender a antiga TV Cabugi, e outra, no penúltimo ano de sua administração, o Governo do Estado esteve presente.
A trajetória do FestNatal no Governo do Estado foi idêntica a da Prefeitura de Natal. Com Wilma prefeita, quando houve, o apoio foi simbólico. Com Carlos Eduardo, a participação seria efetiva. Na administração de Micarla, a esperança nascida em 2009 transformou-se em desesperança em 2010.
Wilma deixou o governo sem cumprir o que havia prometido o que, diga-se, não constituiu surpresa ou sequer decepção. Afinal, Wilma é Wilma. Iberê, pelo menos, não acenou com o compromisso que não seria cumprido.
E assim, sem o Governo do Estado e sem a Prefeitura de Natal, a permanência do FestNatal ficou totalmente dependente do apoio de fora. Garibaldi Filho, como de hábito, foi o único político do Rio Grande do Norte que defendeu o FestNatal na corte de Brasília. Ao contrário, por exemplo, do que acontece com a bancada parlamentar gaúcha ou pernambucana.
O apoio da OI, esbarrou de novo na Comissão da Lei Câmara Cascudo. Veja a ironia: o FestNatal foi aprovado entre 800 projetos nacionais e vetado – e isso pela terceira vez – por vozes da Câmara Cascudo. A remoção desse veto demorou meses – e a não liberação dos recursos tem gerado gravíssimos problemas e empurrou o FestNatal para o final de novembro.
Em relação à Fundação José Augusto, deve ser registrado, em nome da justiça e da verdade, que se não fosse o posicionamento do seu presidente, Crispiniano Neto, o FestNatal teria perdido – (vale repetir: pela 3ª vez) o patrocínio da OI. Não cabe aqui e agora, registrar os nomes dos coveiros do FestNatal, mas, esquecidos, ah, isso, eles não serão.
Igualmente decisório foi o apoio do Ministério da Cultura, e, na pessoa do ministro Juca Ferreira, os agradecimentos antecipados dos que fazem e dos que participarão da 20ª edição do FestNatal.

*Jornalista e Pesquisador

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