segunda-feira, 4 de abril de 2011

Produção de energia no RN é adiada por falta de linha

MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/04/11


A produção de energia em pelo menos 20 parques eólicos do Rio Grande do Norte vai atrasar em oito meses devido à falta de linhas de transmissão (linhão), segundo empresários do setor.
Os parques deveriam começar a operar em janeiro de 2013, mas o linhão (que será licitado em maio) não estará pronto a tempo.
"O governo federal não previa que a maioria dos parques [30 de 51] arrematados no leilão de agosto de 2010 seriam instalados no Rio Grande do Norte, onde há pouca capacidade de transmissão", diz o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Benito Gama.
Para escoar a energia que será produzida, algumas linhas precisarão ser reforçadas, outras, construídas e ainda será necessário erguer uma subestação.
As empresas geradoras deveriam entregar energia a partir de janeiro, de acordo com o edital do leilão. Caso contrário, teriam de comprar o produto no mercado.
Para evitar isso, o cronograma das obras dos parques será alinhado ao da construção das linhas.
O acordo foi definido em reunião com a Aneel na última semana.
"Não é a solução ideal, mas é melhor do que as empresas terem que comprar energia", diz o secretário
Os empresários aguardam a oficialização da proposta.
No total, R$ 8,3 bilhões serão injetados em usinas eólicas no Estado até 2013. Nos parques que serão adiados, serão cerca de R$ 2,5 bilhões.
"Vai haver prejuízo para os geradores, mas foi a solução possível. Qualquer coisa diferente demandaria ação na Justiça. Prefiro um mau acordo a uma boa briga"
OTÁVIO SILVEIRA
presidente da Galvão Energia
Empresas serão prejudicadas com atraso no fluxo de caixa
Empresários obrigados a adiar o início da produção de energia dizem que terão prejuízo porque contratos com fornecedores já foram fechados e os pagamentos terão de ser feitos antes que haja um fluxo de caixa.
Otávio Silveira, presidente da Galvão Energia, afirma que precisará alterar os planos que tinha para as obras de seus quatro parques que dependem do novo linhão.
O total dos contratos da Galvão no Rio Grande do Norte é de R$ 400 milhões. A empresa planeja investir R$ 2 bilhões em energia eólica nos próximos sete anos.
Outra afetada pelo atraso é a Bioenergy. O presidente da empresa, Sérgio Marques, diz que já pagou por alguns equipamentos dos parques. A Bioenergy terá colocado R$ 340 milhões em suas usinas do Estado até 2012.
Outras quatro empresas precisarão mudar seus cronogramas.
"O atraso tira, pelo menos, o risco de exposição dos investidores, mas posterga o início das nossas operações e mostra a falta de planejamento do governo federal"
SÉRGIO MARQUES
presidente da Bioenergy

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