quarta-feira, 7 de março de 2012

CORAGEM PARA VIVER


Walter Medeiros*
waltermedeiros@supercabo.com.br

A cada ano - há alguns anos - no dia 8 de Março faço uma homenagem a uma mulher, para registrar de forma significativa o seu Dia Internacional. Já homenageei muitas mulheres, no seu dia ou fora dele, em função das lutas que travam diuturnamente por melhores dias para a humanidade. Neste ano de 2012 envolve-me um desejo de fazer um registro que vem se delineando através dos anos e que considero ser hora de fazê-lo, escolhendo uma amiga que nem conheço pessoalmente, mas que tem um significado imenso para a têmpera de luta dos brasileiros.
É uma mulher destemida, lutadora, que tem como maior referência o ânimo de superação. Conforme ela mesma conta, num dia qualquer da vida, sem aviso prévio, abruptamente uma mielite transversa meou-lhe o corpo, tornando-a paraplégica. Há 27 anos, usa uma cadeira de rodas para deambular e enfrenta um turbilhão de dificuldades. Uma limitação gritante, uma vez que se viu banida da locomoção e da sensibilidade tátil. Ficou reduzida a apenas braços e cabeça. Mesmo diante de todo esse quadro ela não se julga uma pessoa doente, pois o que tem é a seqüela do triste ocorrido.
Durante todos esses anos, a nossa amiga, que estava saindo da sua juventude, com 36 anos, precisou de alguns apetrechos e muito exercício de paciência, improviso e capacidade para se adaptar. Recorda que um dia uma emergente advogada, moça simpática, inteligente e bonita, ao sair do Tribunal deixou-lhe uma anotação: “Entra no Google e pesquisa auto-hemoterapia - trabalho do Dr. Luiz Moura”. Agradeceu e guardou a anotação. Fez a pesquisa e ficou encantada com o que leu e viu depois no DVD que a mesma advogada lhe passou. Convencida do efeito benfazejo da auto-hemoterapia, não obstante o ceticismo próprio do cargo de Delegado de Polícia que exerceu durante alguns anos, resolveu experimentar, convicta de que mal não faria.
Ficou estupefata ao fazer uma ultrassonografia e constatar que um cisto de ovário detectado em exame anterior e que deveria ser objeto de uma cirurgia, havia desaparecido. Vítima havia anos de uma trombose, que recidivara duas vezes, ficou com a perna esquerda mais grossa do que a outra, incluindo a nádega, o que lhe causava um grande problema postural. Qual não fora a surpresa ao notar que não mais precisava de um calço e que a perna que sofrera a trombose estava quase igual à outra. A sua lesão é medular, com ausência de locomoção e sensibilidade a partir do nível T-4 (4ª vértebra torácica), o que significa dizer que estava inerte do peito para baixo. Todas essas passagens estão documentadas com atestados e exames.
Empunhando a bandeira do otimismo, ela tem sucesso como mãe, como esposa e como profissional. Quatro filhos formados e bem endereçados na vida, além de um marido sempre encantado consigo. Depois de paraplégica ascendeu, por concurso, aos cargos de Delegado de Polícia e Analista Judiciário, reforçando a certeza de que luta é a sua palavra de comando. Agora as suas taxas estão excelentes. Tudo dentro da normalidade. A trombose que tinha na perna esquerda foi, totalmente, recanalizada, conforme exame recente. Sua estima está em alta. Nunca se sentiu tão bem. Afirma que “No meu sentimento de amor, gostaria que o tema AHT fosse estudado para melhorar a saúde de todos, principalmente daqueles mais carentes de recursos financeiros”.
Na declaração mais recente que fez, continua “encantada com a Auto-Hemoterapia. Encantada e agradecida! Faço-a regularmente”. Dentro da sua faixa etária, afirma que está ótima. Acha que não vai mais andar, mesmo por que nunca esperou por isso. Mas dá uma das maiores lições de vida, ao afirmar que “não se anda apenas com as pernas”. Genaura Tormin, Técnica Judiciária, escritora e poeta em Goiás, pronuncia palavras emocionantes: “Embora não marque o chão com minhas passadas, o meu coração é livre, altaneiro e ganha asas, alicerçado sempre na coragem e na alegria de viver”.
Por tudo isso, que é apenas uma pequena amostra da grandiosidade desta pessoa humana excepcional, rendo-lhe aqui a minha mais elevada homenagem neste Dia Internacional da Mulher.

*Jornalista
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Saiba mais sobre Genaura Tormin no seu blog LEVE, LIVRE E SOLTA

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