Paulo Correia
Jornalista
“Ao começar a fazer este livro, meu objetivo era denunciar a ação de matadores oficiais contra civis envolvidos em crimes na cidade. O balanço final do meu trabalho, em junho de 92, acabou surpreendendo a mim mesmo. Os criminosos não representam a maioria entre as pessoas mortas pelos policiais militares. O resultado de minha investigação, que abrange o período de 22 anos de ação dos matadores, mostra que a maior parte dos civis mortos pela PM de São Paulo é constituída pelo cidadão comum que nunca praticou um crime: o inocente”. Esse é o trecho inicial do capitulo Radiografia, do livro-reportagem Rota 66, do jornalista Caco Barcellos, que foi lançado no final de 1992 e que trata sobre os crimes de morte e as truculências cometidas pelos policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a temida Rota, em São Paulo.
Quase 18 anos depois desse relato, novas denuncias recaem sobre os homens da Rota. Dessa vez, as investigações partem do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Militar de SP que investigam a participação de membros da corporação com grupos de extermínio. Mas afinal, quem são esses senhores das ruas e qual o seu poder?
Segundo matéria publicada no jornal Folha de São Paulo na quinta-feira, dia 3 de junho, o MP e a Corregedoria da Polícia está no encalço do chamado “eixo do mal” da Rota. Um grupo de extermínio que conta com muitos integrantes da força policial e que é acusada de várias mortes, roubos de carga e extorsão contra civis e militares. Na reportagem, assinada pelo jornalista André Caramante, a prisão de três suspeitos, incluindo um ex- membro da Rota, aumentou a certeza que policiais estão envolvidos com esses grupos de extermínio.
Renata Gomes de Oliveira Franco, o PM Deoclécio Onofre Souza (membro da Rota até 2006) e Lucio Flávio Moreira Santos são suspeitos de tramarem a morte do soldado Emerson Barbosa Santos, de 32 anos, marido de Renata. O soldado, que também fazia parte dos quadros da Rota, foi morto em setembro de 2006, e de lá para cá o seu assassinato é observado pela cúpula da Corregedoria e do Ministério Público de São Paulo. As investigações das duas instituições visam descobrir quem são os integrantes dessa banda podre da PM que utiliza toda a logística do Estado para cometerem os crimes mais escabrosos.
Segundo a matéria, O "eixo do mal" tem cerca de dez policiais militares, todos ex-integrantes da Rota e corrompidos pelos anos de pequenos e grandes delitos nas ruas e periferias da grande São Paulo.
Acredito que essa banda podre tem muito mais gente. Não somente composta de egressos da Rota. Seria muita ingenuidade de minha parte.
E por aqui, em nosso bom e velho Rio Grande do Norte. Será que os homens de bem das forças policias estão na caça aos corruptos que se vendem por tostões, que matam colegas de farda, e que humilham pais de família, estudantes e trabalhadores?
Fica a pergunta.
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