Roberto Guedes
Por e-mail
Três fatos se juntaram na semana passada para espargir entre políticos ligados à sucessão estadual a convicção de que a saúde do governador Iberê Ferreira de Souza está aquém do que ele tem proclamado, levando inclusive alguns à certeza de que ele renunciará à candidatura à sua sucessão. Dois ocorreram na última quarta-feira, por ocasião da visita que o presidente Lula da Silva fez a Natal, e o terceiro na noite seguinte.
Para esta ocasião, Iberê havia agendado prestigiar em Mossoró a cerimônia de abertura da Feira Internacional de Fruticultura Irrigada, a Expofruit, evento que recebe muita ajuda da administração estadual. Devendo discursar na ocasião, ele enfrentaria o êxodo que empresas do setor estão protagonizando, ao trocar a chapada do Apodi e mesmo o Rio Grande do Norte em busca de áreas onde imaginam realizar melhor suas aspirações. À última hora, ele cancelou a viagem por motivo de saúde.
Na quarta-feira, o que mais chamou a atenção foi o fato de Lula expor a fragilidade enfrentada pelo governador. Nas entrevistas e em discursos, ele deixou claro que a aparência de Iberê o impactou negativamente em seu desembarque, na noite da terça-feira 10, em Parnamirim.
CHÁ DE CADEIRA
Para a classe política, porém, o fato mais capaz de demonstrar a impossibilidade que Iberê enfrenta quanto a levar adiante sua candidatura contou com a participação do deputado estadual Nélter Queiroz (PMDB), há muito tempo comprometido com a reeleição do governador. Eles haviam marcado audiência para tão logo Lula viajasse de Natal para Maceió, onde à noite prestigiaria a abertura de um encontro nacional de empresários da construção civil, e Nélter compareceu à Governadoria, no centro administrativo de Lagoa Nova, na zona sul da capital, na hora combinada.
O Deputado esperou mais de duas horas para que Iberê o recebesse, mas aguardou em vão. Encerrando o “chá de cadeira” que já incomodava o correligionário do Governador, a assessoria de Iberê lhe pediu desculpas, adiando a conversa, sob o argumento de que Iberê precisou cancelar a agenda para ir tomar uma medicação.
Este episódio passou a ser narrado em Natal pouquíssimas horas depois e foi muito comentado na manhã seguinte na Assembléia Legislativa, que voltou a contar com a presença de Nelter, após longo período de ausência, como idéia do que tende a acontecer com os compromissos que Iberê será obrigado a cancelar subitamente durante a campanha pela reeleição.
Comentando os três fatos ontem, um “expert” em política norte-rio-grandense lastimou que os meios de comunicação só tenham procurado se voltar novamente para a saúde de Iberê depois que Lula mostrou o quanto se impactou negativamente ao vê-lo no aeroporto Augusto Severo. “Foi preciso que o presidente dissesse a primeira palavra, quando os jornais estavam aqui, todo dia, perto de Iberê, e não notavam o problema”, deplorou.
Desde o final de maio, quando Iberê foi homenageado na casa de espetáculos “Vila Folia” por ter vencido o câncer, como declarou na ocasião, somente espaços da internet focalizaram o problema. Um dos veículos que nunca deixaram de olhar o quadro clínico do Governador foi o “Jornal de Roberto Guedes Via e-mail”.
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