quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A graça flui através dos sentidos

Por Flávio Rezende*

Mora na Índia um educador para uns, mestre espiritual para outros e, um homem de bem, para este escrevinhador. Estive em seu “ashram” em 1990 e, a partir daí, minha vida mudou radicalmente.

Apesar de gostar de ajudar, direcionava minha vida para outros ângulos, até que o contato com as setas deste indiano, apontadas na direção interior, conduziu minha vida lentamente para o verdadeiro gozo dos sentidos e, ao engajamento com as causas sociais, o que considero hoje, meu foco principal e motivo de muito regozijo.

Sai Baba seu nome, ultrapassou os 80 anos de existência e, desde a idade infantil, revela sua divindade através de materializações, bilocações e todos estes fenômenos de difícil compreensão para nós e, balela para ele, que recebe na cidade de Puttaparthi, onde mora, milhares de seres todos os dias.

Sai Baba não fala nada novo, pois nada novo há para ser dito faz muito tempo. Desde os Vedas, Mahabharata Bíblia, Novo Testamento, Tora, Alcorão, Livro dos Espíritos, Bhagavad Gita, Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, Zend Avesta, Tipitaka, Zohar Talmud, tudo já foi dito de várias maneiras, abordando diversos aspectos e, principalmente, foram disponibilizados para todos nós em passagem material e espiritual por este planeta, opções de alimentação, de comportamento, de respiração, de vestuário, com os novos mestres apenas relembrando tudo que já foi dito, hoje focando mais na união das doutrinas, filosofias e propostas.

Sai Baba diz que todas as religiões são válidas, “deixem as diferentes fés existirem, deixem-nas prosperarem e deixem que a glória de Deus seja cantada em todos os idiomas e em uma variedade de tons. Respeitem as diferenças entre as fés e reconheçam-nas como válidas na medida em que não apaguem a chama da unidade". E complementa, “o motivo por trás da formação e propagação de todas as crenças é o mesmo. Todos os fundadores eram pessoas cheias de amor e sabedoria. O seu objetivo era um só. Nenhum deles tinha o plano de dividir, perturbar ou destruir. Eles procuravam instruir as paixões e emoções, educar os impulsos e direcionar a faculdade da razão para caminhos benéficos ao indivíduo e a sociedade".

Cada vez que me aprofundava no que Sai Baba falava, mais encantado ficava, seu trabalho social, as escolas baseadas no método de educação em valores humanos, até que um dia ele disse que devemos utilizar todos os sentidos para o bem. Ver só o bem, ouvir só o bem, falar só o bem, se alimentar de maneira correta.

Hoje pela manhã, caminhando como sempre faço, comecei a pensar nisso e, instantaneamente, percebi claramente dentro de mim, o bem que os sentidos nos proporcionam.

Passei o olhar tudo com amor. A paisagem, as pessoas, as cores, frutos, árvores, o mar, o céu, as crianças. Tantas maravilhas o tempo todo, todos os dias, a vida toda a disposição dos meus olhos. Que lindo é ver o mundo com amor. O som, que maravilha, passei a mergulhar profundamente na melodia das músicas que o MP3 executava, quão felizes somos em poder ouvir tantas coisas fantásticas. Quando ia voltando para casa, ainda pude ouvir uma senhora que sempre me endereça palavras de carinho, inundar meu sentido auditivo com ouro sonoro: - Vai abençoado, Deus tem um bom propósito para sua vida.

Ao chegar em casa, com minha amada Deinha e a doce Mel - pois Gabriel está curtindo férias com as primas, fomos ao restaurante vegetariano. Os alimentos descem como colombinas alegres em cortejo carnavalesco, acordando os órgãos internos para um trabalho dignificante e profissional, com todos felizes neste carnaval de alimentos puros e sabores do bem, deixando o sentido gustativo em êxtase e feliz com esta ceia sem igual.

Retornando ao lar e antes do trabalho, ponho uma colônia que amo 4711, elevando meu olfato aos píncaros do prazer, provocando uma desaceleração respiratória, que culmina com aquele: ahhhhh. Maravilha é um bom aroma.

E para encerrar a festa do bem dos sentidos que nos provocam felicidade interior, o tato, deito na cama, experimentando o repousante e gostoso contato da epiderme com o lençol que reveste o colchão e, para iluminar uma vida que considero a mais válida experiência que temos a graça de ter, pele de bebê, Mel, pele da amada, Deinha, sentidas pelas mãos, peito no peito, boca na boca, alisamentos, carinhos...

Divinize seus sentidos e, como Sai Baba gosta de repetir para seus milhões de admiradores espalhados pelo universo: “Comece o dia com amor, preencha o dia com amor, passe o dia com amor e termine o dia com amor, porque esse é o caminho para Deus”.


* É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

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