quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Poemeto de Ano Novo


Silvio Caldas
Juiz

A revista Veja estampou na capa da edição de número 2.142 um título muito chocante – O Natal dos Safados – em que destaca “A impunidade e outros nove presentes que os corruptos sempre ganham de Papai Noel”. Na mesma edição, em “Carta ao Leitor” a foto do político americano Buld Dwyer, no exato momento em que praticava o suicídio, com um tiro de revólver apontado para a boca, depois de ser pego em flagrante. Não pretendo e nem a própria revista também, sugerir que os corruptos brasileiros seguissem o exemplo do indigitado colega, mas que pelo menos os nossos corr uptos sejam presos.

Claro que ninguém deseja os corruptos cometam o suicídio. Afinal eles são tantos que floresceria uma portentosa indústria de funerárias como jamais visto no mundo. Ao mesmo tempo, eis o contraditório: onde iríamos parar com a construção de novas cadeias? A não ser que fizéssemos uma curiosa troca, isto é, libertar os ladrões de galinha para dar espaço para os ladrões de gravata. Mas aí também o custo não compensaria. Os ladrões de gravata querem merecer atenção “humana”, se acaso forem presos. Tratamento desumano, só para a ralé.

Então fica difícil a situação do país. Melhor solução então será aumentar os impostos, gerando mais riqueza para o erário, permitindo maior frouxidão nas roubalheiras das licitações. Acho que essa é a missão dos homens de bem: trabalhar, produzir bastante, para fornecer matéria prima para os safados da República, os chamados “homens de bens”. Haja panetone, pois.

Estamos ingressando no 2010, ano da sucessão. As águas vão rolar. Conversa para todos os lados e para todos os gostos. Melhor para os corruptos, pois eles não têm partidos, apenas procuram tirar partido, isto é, tirar dos partidos. Sei lá.

É com essa confusão mental que me debruço hoje no último comentário do ano, anunciando aos amigos que estarei inaugurando (para entrar, afinal, na modernidade tecnológica), um blog, criado graças à competência do meu amigo, misto de jornalista e designer Leonardo Sodré, em pleno domingo de libações comedidas à sombra do benfazejo gazebo da doutora Gil (Carlinhos) Pacheco, no principado de Santa Rita. O endereço é www.escritosdejoaquimsilviocaldas.blogspot.com .

Outrossim, desencavei um poemeto escrito há muios anos. Tempos que também eram difíceis, tempos de inflação programada que causava aos da minha geração preocupações mil, mas em que havia políticos roubando mas eram tão poucos que passavam despercebidos.Ou mesmo porque não havia quem tivesse coragem de investigar e denunciar! Em verdade, a inflação programada agora foi substituída pela delação premiada. Rimar, rima, mas não é a mesma coisa. Eis o tal

POEMETO DE ANO NOVO

- Bom dia, Ano Novo!

Que trazes agora?

Conta-me as novidades...

Ah, meu filho, de novo, só eu!

E se a notícia não te agrada,

Pouco importa.

De qualquer sorte,

Estou à tua porta,

Cumprindo o meu papel,

Inexoravelmente.

E te digo mais,

Não sei quem irá primeiro,

Se tu ou eu!

Que o novo ano traga a todos que pagamos impostos (inclusive esse tal de IPTU desembestado) novos alentos e novos talentos – apesar de certos políticos peçonhentos.

Fui.

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