domingo, 12 de fevereiro de 2012

Conheça o primeiro 1.0 da marca italiana: Fiat 509 A de 1927

Com menos de 3 mil km quilômetros rodados, esta obra de arte sobre rodas é premiada

Texto: Antigo Motors/ Fernanda Lopes
Fotos: Antigo Motors/ Jocelino Leão

“É uma história fantástica! Talvez o Fiat zero quilômetro mais antigo do mundo”, diz Ricardo Oppi, premiado restaurador de carros antigos, responsável pelo resgate de diversas obras de arte sobre rodas. Quem ouve pode até achar conversa de maluco, mas é verdade. Um veículo fabricado em 1927 que nem sequer foi licenciado! E se depender dos pais desta criança de quase 100 anos, nem vai. “Para preservar a integridade histórica”, confessa o proprietário da raridade ao Portal Antigo Motors .

Modelo Fiat 509 A, carroceria Torpedo, é o primeiro modelo Fiat 1.0 da história. Um carro popular pequeno, que para essas bandas do trópico vieram poucos, já que a preferência eram os modelos norte-americanos grandes.

O primeiro dono, patriarca de uma grande e abastada família da região de Campinas, queria um automóvel para passear com a prole. Reza a lenda que viu um modelo italiano generoso pelas ruas da cidade e se apaixonou. “Provavelmente um Fiat 520, que dos modelos europeus da época, vieram mais”, contextualiza Oppi. Na época tudo era feito por carta, inclusive a compra de um veículo. É possível que tenha escrito que queria adquirir o modelo mais moderno da empresa, nos idos de 1920, o que realmente era.

Porém, quando o automóvel chegou, foi uma grande decepção. Pois não era aquele com que havia sonhado. Tratava-se de um modelo menor, que não comportava toda a família. Reclamou à fábrica e disse que pretendia devolvê-lo, por isso não licenciou o carro. Foram 25 anos de briga, onde o veículo permaneceu guardado. Mas não deu em nada. A empresa não aceitou o automóvel de volta e nem devolveu o dinheiro.

Em 1956, um senhor soube da história e ficou interessado pelo veículo. Comprou. Com a nota fiscal em mãos, levou-o para ser licenciado. “Porém a legislação da época não permitia licenciar carros com direção no lado direito e sem para-choques”, explica especialista ao Portal Antigo Motors. O objetivo do então comprador era manter as características originais do automóvel, portanto voltou com ele para casa e por lá ficou, dando vez ou outra uma pequena volta pelo bairro.

Quase 50 anos depois, em 2005, Oppi estava numa loja analisando um modelo para um cliente, quando o vendedor comentou sobre um Fiat pequeno da década de 20, zero quilômetro e com nota fiscal. Experiente, o restaurador quis dar uma olhada, afinal que mal poderia ter? A hora que viu a raridade pensou logo num provável comprador. “Você tem de sentir no seu cliente se ele vai dar continuidade quando você encontra um carro como esse”, explica.

“Gosto de coisas antigas e também de carros. Quando o Oppi ligou e explicou o carro, fechei negócio. É único. Essa é a ideia. Tanto que nem tenho outro carro antigo por hora”, conta o proprietário. Mas não foi fácil fechar negócio porque havia entraves de herança, levaram quase um ano para resolver todas as pendências.

Quando o veículo finalmente chegou à oficina, foi uma avalanche de boas descobertas. “Os dentes da engrenagem nem tinham marcas!”, diz Oppi satisfeito. “Desmontei o carro todo, 100% original. De diferente, apenas a capota clara que o antigo dono trocou. No começo do século só se usava preto”, revela.

Hoje o carro está com 2.700 km originais, “rodou mais de carreta do que com os próprios pneus”, brinca. O estofamento foi refeito, bem como o madeiramento e a pintura, mas a carroceria não tinha um único podre ou amassado. Para o restaurador, a mecânica foi tranquila de mexer, porque estava intacta. “Vale dizer que é um modelo de baixa manutenção, que pretendia ajudar a popularizar a Fiat e assim tira-la do vermelho”, comenta especialista ao Portal Antigo Motors, porém, infelizmente, o momento atual é ainda mais complicado para a marca italiana como já foi no passado. Não se sabe o futuro da Fiat ainda.

Outras características bacanas deste jovem de 85 anos: Modelo 12 volts, com partida elétrica e manual; Pedal do acelerador entre freio e embreagem; Motor de curso e diâmetro pequeno, de apenas 1000 cilindradas e 22hp.

“Era uma época em que dirigir era um evento. Faz parte essa viajem no tempo, de pensar e entender como era a sociedade na época em que foi feito”, reflete o proprietário que nunca o dirigiu. “Não é apenas um carro, é uma obra de arte. É uma questão de preservar a historia”, diz. “Cheguei até o Oppi por indicação. Construímos uma relação de confiança a partir de um carro anterior que vendi. Eu entendo que para fazer uma restauração caprichada tem de se tomar cuidado. Cada carro tem seu tempo”, analisa o proprietário.

Depois do trabalho concluído, ganhou diversos prêmios. O troféu mais recente, entregue dia 03 de fevereiro de 2012, diz respeito a sua participação no 5º ABC Old Car & Parts, categoria Vintage, carros produzidos entre 1920 até 1930. O Portal Antigo Motors que participou da exposição considera merecido o prêmio. A próxima edição do evento será no próximo final de semana, de 10 a 12 de fevereiro, no Instituto Mauá de Tecnologia em São Caetano do Sul.

Fonte: Yahoo

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