sábado, 11 de fevereiro de 2012

General se lembrou das suas origens e lançou um carro bom



Os novos ventos que sopram em São Caetano ficaram mais fortes com o novo produto quase nacional ( 60%)

José Rezende Mahar

Muitos foram os anos em que os antigos valores da Chevrolet tiveram que sustentar as vendas da marca no Brasil. Foi um longo período em que tivemos carros bons, como o Astra e o antigo Vectra de suspensão traseira independente. Mas o tempo é implacável e foge entre os dedos do fabricante que não muda no ritmo do mercado. Um mercado que tem carros excelentes - Focus, Civic e Jetta mexicano - não tem lugar para projetos mais antigos, que sofrem na comparação.

Mas os novos ventos que sopram em São Caetano ficaram mais fortes com o novo produto quase nacional ( 60% ) da GMB nesse saboroso segmento de mercado. O Cruze vem para substituir o Astra e o Vectra, este sonoramente rejeitado pelo mercado por ser pouco mais que um Astra, com preço muito superior. Desta vez não foi possível induzir o publico pagante a redução de qualidade que aconteceu no velho e fantástico Vectra – como qual viajei muito aos longos de seus anos no mercado – que foi saindo do mercado de mansinho, sem deixar saudades.

Mas o novo veículo da GMB tem muito para causar essas emoções. Montado com um motor moderno e eficiente que vem da Hungria, daí seu baixo índice de nacionalização, o novo 1,8L tem dois comandos de válvulas com atuação variável e números bons: 144 cv a etanol, e quase dezenove quilos de torque a 3.800 rpm. Pode parecer alto, mas aí é que entra o grande truque do Cruze: a caixa automática de seis marchas. Fabricada no México,ela tem uma marcha para cada situação e ajuda muito o motor na sua tarefa, pois tem o fator Cocker Spaniel (Sempre quer brincar..). Macia e suave nas trocas como um bom câmbio Hydramatic. É o segredo do sucesso do carro. Em sexta marcha ele faz mais de 50 km/h por mil goros e a primeira permite boas arrancadas. Na hora de retomar a caixa esperta joga três marchas para baixo e não sente falta de energia. Além disso ela percebe aclives ou declives, segurando as marchas quando adequado. Os homenzinhos verdes lá dentro trabalham muito e bem...

Afinal, o Cruze não é um carro de pista e sim um Burgermobile, feito para uma grande parcela de pessoas que preferem um carro desse jeito mesmo, uma eficiente máquina de transportar sem dar trabalho.

E no item suavidade que ele se excede: silencioso, macio e sem ser mole e balançador, o Cruze é seguro e estável em qualquer situação. Os bancos são bons, bem localizados, os comandos todos certos e claros. O interior é meio simples demais: a GM podia ter gasto mais uns 300/500 reais em um carro que custa quase oitenta mil reais para não usar os plásticos do interior, que não favorecem a impressão de qualidade do carro com seu fator Celta sempre presente na cara de quem usa.

Outro ponto que podia ser melhorado e que foi feito por Malibu e do Camaro, é a utilização dos pneus Michelin de alta qualidade. A precisão da direção sofre um pouco na estabilidade direcional com os coreanos Kumho instalados, mesmo dentro dos limites do usuário padrão do tipo de carro. Deve ser uma questão de custo e disponibilidade, mas os coreanos ainda têm de aprender no tocante aos pneus. Sempre se sente certa imprecisão na direção do carro, nada que ameace o motorista, mas que tira um pouco do prazer de dirigir. Ainda mais com a assistência elétrica excessiva, própria para mocinhas magricelas de 40 kg... Assim acontece com o servo do freio, capaz de segurar um Scania. Mas nada que uns dias de uso não ensinem a compensar. Aí o carro fica bem agradável de usar no dia a dia, como fizemos com sucesso. E com um consumo admirável, principal crítica ao seu antecessor Vectra II: mais de nove por um na cidade com gasolina e 13 na estrada dirigindo de modo legal e civilizado.

Ao fim e ao cabo desta avaliação de uma semana ficamos com a sensação de que o velho General se lembrou de suas origens e finalmente lançou um carro bom, que vale a pena comprar.

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