quinta-feira, 29 de abril de 2010

CURIOSIDADES DA PESQUISA

Daniel Menezes
Doutorando em Ciências Sociais

Pierre Bourdieu/Foto: Internet
A chamada “nova gestão pública” está ligada à satisfação total do cidadão, que agora é enxergado como cliente e não mais como mero usuário. Neste momento é que se cria uma dificuldade, já que, em muitos momentos, torna-se bastante difícil compreender o que, de fato, a sociedade está solicitando de seus gestores, quais são as suas necessidades e como é possível estabelecer canais de comunicação entre os órgãos governamentais e a opinião pública para compreender o “sentimento” desta última. A pesquisa de opinião pública se concretiza como uma importante ferramenta operativa na administração estatal moderna. Isto porque ela auxilia aos produtores de políticas governamentais nas mais variadas fases do processo de confecção das mesmas. Esta ferramenta ajuda na formulação de estratégias de intervenção, na medida em que capta as reais necessidades da sociedade; gera uma implementação da ação de modo mais racional e voltado para as expectativas dos cidadãos; e, além disso, possibilita um maior monitoramento da satisfação da população no momento em que o serviço é prestado.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Na década de 1970, Pierre Bourdieu, o maior sociólogo da segunda metade do século XX, empreendeu, em um pequeno artigo, a mais devastadora crítica conhecida das sondagens. Segundo ele, as pesquisas de opinião partem de três falsos pressupostos que as invalidam enquanto tal: Primeiro, a idéia de que todos têm opinião; segundo, a noção de que as opiniões se equivalem (a opinião de um simples cidadão tem a mesma força de um influente empresário ou jornalista, por exemplo); E, por fim, a idéia de que as perguntas feitas nos levantamentos são questões objetivas e despidas de interesses (A pesquisa apaga o interesse daquele que encomenda a pesquisa e solicita determinadas perguntas). Se levarmos a crítica do sociólogo francês até as últimas conseqüências, perceberemos que ele coloca em xeque a própria maneira como a democracia se processa contemporaneamente, já que, em última instância, a escolha eleitoral dos representantes é feita por um levantamento de pesquisa.

Um comentário:

  1. Muito boa a foto do Bourdieu!

    O bourdieu era que nem o Mozart. Mesmo sendo consumido pela doença, no caso dele um cancêr, não parou, até o último instante, de escrever.
    A dominação masculina, livro capital para quem estuda as relações de gênero na contemporaneidade, foi escrito com uma certa dificuldade.

    Daniel Menezes

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