segunda-feira, 26 de abril de 2010

HABEMUS RELIGIÃO NO FUTURO?

Internet


Por Flávio Rezende*

Minha querida e linda doce Mel estamos chegando ao fim do mês de abril de 2010 e, tivemos uma noite especialmente difícil, com você emitindo sons incompreensíveis na madrugada, tornando o sono de sua amável mãe Deinha praticamente zero e, nos levando a um diálogo pela manhã com a seguinte conclusão: como os sons em vários momentos não implicam em você estar acordada, presumi que deveria ter sido uma noite de muitas reuniões com amigos do plano espiritual, ainda envoltos em programações de sua presente encarnação.

Certamente deve ter sido muito movimentada diante de seu remelexo o que me leva a crer, que terás uma vida cheia de afazeres, torcendo eu, Deinha e Gabriel, para que o planejamento seja o de nos ajudar nos caminhos do bem, estradas pelas quais estamos empenhados em pavimentar nessa nossa trajetória presente.

Depois de o definitivo acordar de toda a família acontecer às atividades seguem, com vassourada na garagem, limpeza das necessidades do nosso cão Lolo, alimentação matinal e, seu pai finalmente parte para a tradicional caminhada, onde agradece pelas coisas maravilhosas que temos como a família constituída, carro, alimentos, casa própria, emprego, projeto social Casa do Bem maravilhosamente bem encaminhado, pais queridos, amigos adorados, natureza ao redor, praia para apreciar, seres para saudar e, a vida para mergulhar de corpo e alma de maneira sadia e feliz.

Na caminhada de hoje fiquei pensando se haverá religião da maneira que existe hoje, quando você chegar aos 15 anos, no ano 2025 por ai.

Sem saber ao certo a resposta, vou resumir o que acontece hoje. A grande maioria dos terráqueos acredita em Jesus. Os seus ensinamentos estão em livros lidos por milhões, mas, o incrível, é que de uma mesma fonte, derivam inúmeras interpretações.

Os chamados cristãos, no entanto, apesar de rezarem e afirmarem acreditar em Jesus, matam, pecam e em sua grande maioria, fazem exatamente o contrário do que é sugerido.

Já os budistas, adeptos de uma outra religião existente neste 2010, não dão muito cabimento para coisas como Deus, santos, etc. O foco destes é em si próprio. Os budistas acreditam que havendo pleno conhecimento do próprio ser, tudo o mais será entendido como é.

Os muçulmanos orientados pelo Alcorão que veio ao plano material através de Maomé, pregam o testemunho de fé na afirmação que não há outra divindade além de Deus e que Mohammad é o seu Mensageiro, a oração, a caridade, o jejum e ao menos uma peregrinação a Meca. O problema atual desta religião é o quesito “Jihad”, interpretado por seus seguidores como uma guerra santa, com a realidade mostrando que a mesma tem causado milhões de mortos através de atentados e outras matanças mais.

Muitas outras religiões, amada Mel, existem neste 2010 em nosso planeta, todas com belas palavras escritas, sugestões maravilhosas, setas apontadas para os caminhos do bem, encontrando muita gente disposta a repetir orações, mantras, sutras, mas, o tempo passa e nada muda, continuando os seres religiosos e não religiosos na exibição cotidiana de mesquinharias, julgamentos e poucos realmente seguindo os preceitos, normas e sugestões dos textos ditos sagrados.

O que observamos de concreto em 2010 é que Jesus, Buda, Krishna e tantos outros ícones das boas condutas, estão conseguindo mudar muito pouco, estando a grande maioria repetindo comportamentos violentos e egoístas há séculos e séculos...

Será mesmo se ainda haverá alguma religião quando você chegar aos 15 anos? Será que tudo isso ainda vai fazer sentido?

Muita gente me pergunta qual a minha religião. Fico sem saber o que dizer. Gosto de Jesus e de seus ensinamentos. Gosto de Buda, Krishna, Allah, Kardec, mestres ascensionados, santos, anjos, querubins, gurus, místicos, monges e desse povo todo que tenta nos elevar de maneira correta.

Como todos pregam o bem, prefiro deixar as questões filosóficas um pouco de lado e partir para esse lado. Para mim hoje a religião que professo é fazer o bem.

Neste contexto ecumênico, confesso tenho dado ouvidos para um educador e líder espiritual indiano ainda vivo na cidade de Bangalore, no sul da Índia.

Seu nome é Sai Baba e ele fala assim sobre as religiões: “Deixem que existam diferentes religiões, deixem que floresçam, deixem que a glória Divina seja louvada em todos os idiomas do mundo. Respeitem as diferenças entre religiões e reconheçam-nas como válidas, sempre que estas diferenças não tratem de extinguir a chama da irmandade do homem e a paternidade de Deus”.

Sai Baba foca sua missão na educação tendo criado o método Educare, com gratuidade de ensino do início até o fim. Seu trabalho social é gigantesco e universal. Como deu para perceber no parágrafo anterior, ele não defende uma religião em particular, tem falado na religião do amor: “Só há uma casta, a casta da humanidade; Só há uma linguagem, a linguagem do coração; Só há uma religião, a religião do amor; Só há um Deus, e Ele é Onipresente”.

Não sei doce Mel, como será em 2025. Algo novo pode acontecer e revolucionar o entendimento que temos. Se o planeta hoje está dividido em várias religiões, que contrariando seus líderes se guerreiam em insanas batalhas verbais, reais e suicidas, pode ser que no futuro, um clarão de compreensão do que realmente precisamos, ilumine nossas mentes e passemos a ter não uma religião, mas um comportamento realmente espiritual, podendo vir a chamar isso de religião do amor.

Como disse linda e doce Mel, ando prestando muita atenção ao que fala Sai Baba, ele parece ir ao âmago das questões e, encerro esta carta para você filha, com mais esta colocação Dele, “vim para acender a chama do Amor em seus corações, para que ela brilhe dia a dia com mais esplendor. Não vim em benefício de alguma religião em particular. Não vim em nenhuma missão de publicidade para qualquer seita, credo ou causa, nem vim reunir seguidores para nenhuma doutrina. Não tenho planos para atrair discípulos ou devotos ao meu rebanho ou a algum outro rebanho. Vim para falar-lhes desta Fé Unitária Universal, deste Princípio Divino, deste Caminho de Amor, desta Ação de Amor, deste Dever de Amor, desta Obrigação de Amor”.

* É escritor, ativista social, pai de Mel, Gabriel e esposo de Deinha em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

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