domingo, 25 de dezembro de 2011

Números preocupantes

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

O Instituto Sangari, de São Paulo, divulgou no dia 16 de dezembro uma pesquisa que merecia ser lida por toda a população de Natal. No texto, a instituição informa que a capital potiguar teve, entre os anos de 2000 e 2010, o terceiro maior percentual de crescimento do número de homicídios entre todas as 27 capitais do Brasil. Ficando atrás apenas de São Luís (Maranhão) e Salvador (Bahia).

No relatório é informado que em Natal o pulo foi de 251%, passando de 74 mortes no início da década para 260 em 2010. Números frios computados em planilhas e que não chocam a população como deveriam chocar e nem servem de alerta para o trabalho do Governo e das suas forças policiais.

Uma pena que esses dados fornecidos pelo Instituto Sangari irão passar em brancas nuvens pelos gabinetes mais importantes do Rio Grande do Norte e nada irá modificar. Uma pena que um batalhão de jovens, a maioria na casa dos 15 aos 25 anos, irá morrer das formas mais brutais e quase nada será feito para fechar essa torneira da violência.

Jovens, na sua esmagadora maioria moradores de áreas de periferia e desassistidos de qualquer ajuda social. Meninos e meninas que, sem muitas opções de educação e trabalho digno, acabam caindo na conversa fácil e mirabolante dos traficantes de drogas e bandidos de toda a espécie.

Meninos e meninas que nos jornais televisivos do meio dia e nos periódicos de papel são retratados sempre como traficantes, viciados e devedores da droga. Rostos e histórias desconhecidas. Realidades que fogem do patrão zona Sul e dos seus refrigerados shoppings centers.

Adolescentes que vivem em locais que não oferecem as mínimas condições de moradia. Comunidades como a da África, da Beira Rio, do Mosquito, e de muitas outras espalhadas por essa Natal que não passa na vista dos turistas e dos engravatados burocratas do Governo.

Uma pena que esse relatório não seja o estopim para uma revolução na educação e cultura de toda uma gigantesca população carente. Uma pena que nossos governantes estejam mais preocupados com Copa do Mundo e conversas sobre eleições 2012.

Um dia pagaremos por toda essa negligência.

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