sábado, 7 de setembro de 2013

EXPRESSÕES CURIOSAS USADAS NA LÍNGUA PORTUGUESA

JURAR DE PÉS JUNTOS:

Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através das
torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias
tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para dizer nada
além da verdade. Até hoje o termo é usado para expressar a veracidade de
algo que uma pessoa diz.

TIRAR O CAVALO DA CHUVA:

Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair
hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o
cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar,
colocava o cavalo nos fundos da casa, num lugar protegido da chuva e do
sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o
anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o
cavalo da chuva".  Depois disso, a expressão passou a significar a
desistência de alguma coisa.

DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:

A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde os tropeiros que
escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à
Sudeste sobre burros e mulas. O facto era que muitas vezes esses burros,
devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis
e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo
passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para
conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.

GUARDAR A SETE CHAVES:

No século XIII, os reis de Portugal adoptavam um sistema de arquivamento
de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía
quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto
funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete
passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a
época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo
"guardar a sete chaves" para designar algo muito bem guardado...

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:

Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas
enforcou-se  numa árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro
que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados
viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do dinheiro
da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A
partir daí surgiu à expressão, usada para designar um lugar distante,
desconhecido e inacessível.

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:

A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente
das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como
forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a
uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se
lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto
morreu.

PARA INGLÊS VER:

A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o
Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto,
todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis eram
criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo.

RASGAR SEDA:

A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa,
surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena.
Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para
cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente a sua beleza, até que
a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se
esfiapa."

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:

Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de
Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea num aldeão de nome
Angel.  Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim
que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o
mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que
arrancasse os  seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no
Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para história como o cego que não
quis ver.

ANDA À TOA:

Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à
toa é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca
determinar.

QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:

Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, adulterou-se. Inicialmente
dizia-se quem não tem cão caça como gato, ou seja, esgueirando-se,
astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.

VAI TOMAR BANHO:

Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene
dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como
corolário dos contactos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de
outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à
nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e
se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de
árvore para limpar os bebés e lavar no rio as redes nas quais dormiam.
Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que
não eram trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de
banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam
fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar
banho".

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