O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) disse nesta terça feira que centenas de pessoas
deslocadas, que se encontravam na Tunísia e no Egito, retornaram à Líbia com a intenção de embarcar rumo à Europa. “Entre eles há refugiados das comunidades somali, etíope e eritréia dos campos em Choucha, próximos à fronteira tunisina com a Líbia”, disse a porta voz do ACNUR, Melissa Fleming, aos jornalistas em Genebra
.
O ACNUR tem discutido com essas comunidades os riscos envolvidos na
navegação em alto mar assim como os que as pessoas enfrentam cruzando a
fronteira para a Líbia. Em março, o ACNUR ficou sabendo, por meio da
comunidade somali em Choucha, que dois somalis foram assassinados a
tiros na Líbia após terem cruzado a fronteira da Tunísia.
Até o momento, aproximadamente 14 mil pessoas chegaram de barco a
Itália e Malta vindas da Líbia. Deste número, cerca de 1,7 mil
chegaram entre sexta e sábado. Baseados em relatos de sobreviventes e
familiares, estima-se que mais de 1,2 mil pessoas que partiram em barco
desde o dia 25 de março estejam desaparecidas.
O ACNUR se reuniu com refugiados em Trípoli que estão planejando
realizar essa perigosa jornada marítima. “Todos estão conscientes do
elevado número de mortos, mas disseram que não têm nada a perder. Um
homem eritreu disse preferir morrer tentando chegar a um lugar seguro
que continuar vivendo em perigo”, afirmou Fleming.
Muitos viveram na Líbia por vários anos, tendo ficado detidos por um
período, e são originários de países como Eritréia e Somália, para onde
um retorno seguro ainda não é possível.
A partir do diálogo com pessoas que chegaram à Itália, o ACNUR acredita
que milhares de outras tentarão realizar esta travessia pelo mar. A
maioria fez esta viagem em barcos superlotados e em condições precárias.
Frequentemente não há capitão ou tripulação qualificada para operar o
barco.
“O ACNUR pede mais uma vez que todas as embarcações no Mediterrâneo
levem em conta que os barcos partindo da Líbia precisam de assistência e
podem enfrentar situações de risco em algum ponto da jornada”, disse
Fleming.
A porta voz também mencionou que o ACNUR esperava restabelecer uma
presença internacional no oeste da Líbia em um futuro próximo.
“Enquanto isso, nossos funcionários nacionais e parceiros estão
desenvolvendo projetos para assistir os refugiados e solicitantes de
refúgio”, disse.
“Pretendemos expandir esta assistência a fim de aliviar as
dificuldades enfrentadas pelos refugiados. Vários deles nos disseram que
a sobrevivência básica se tornou uma luta com a partida da população
expatriada e o colapso da economia Líbia.
O ACNUR tem equipes de funcionários entrevistando solicitantes de
refúgio e refugiados no Egito e na Tunísia para avaliar suas
necessidades e, quando possível, encaminhá-los para o reassentamento em
terceiros países.
Segundo Fleming, o ACNUR foi informado de que “pessoas que tinham
sido encaminhadas para o reassentamento, após entrevistas na Líbia o ano
passado, perderam suas vidas enquanto tentavam chegar à Europa
recentemente. Pessoas no meio do processo de reassentamento e casos
vulneráveis são priorizados no nosso cronograma de entrevistas”.
O ACNUR estima que seis mil pessoas nas fronteiras do Egito e da
Tunísia precisarão ser reassentadas nos próximos meses, além de duas
mil no Cairo. Até agora, 11 países de reassentamento ofereceram mais de
900 vagas. Além disso, os Estados Unidos ofereceram um numero
significante, mas indeterminado, de oportunidades de reassentamento.
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