segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Forte Apache

Leonardo Sodré
Jornalista e escritor

            A tomada do Complexo do Alemão, a imensa favela do Rio de Janeiro, dos traficantes e agora a ocupação com a instalação de Unidades de Polícia de Pacificação (UPP) segue o mesmo padrão vitorioso usado pelas forças americanas na ocupação do Velho Oeste daquele país. A ocupação pelas forças que combatem o crime organizado pretende mudar a paisagem de medo e eliminar um governo paralelo que sob muitos aspectos escravizava a população daquele complexo de muitos esconderijos e ruelas.
            Todos os da minha geração conheciam e brincavam com os famosos brinquedos que faziam parte do famoso “Forte Apache”, com muitos bonequinhos do Exército Azul dos EUA, que lutavam contra índios e sempre saíam vitoriosos, nas nossas mentes tão acostumadas com os finais dos filmes de faroeste daquele tempo. Uma propaganda bem vendida pela indústria do cinema americano para justificar as inúmeras barbáries praticadas pelos “azuis”.
            Não é o caso do Rio de Janeiro de hoje. Os nossos pretos do BOPE, dourados nas letras da Polícia Federal, Verdes do Exército e camuflados da Marinha, já chegaram tarde neste “Oeste” selvagem que se transformou as favelas daquela cidade. Municiados pelos milhões do tráfico de drogas os bandidos se armaram para a guerra e ousaram atacar outros territórios, obedecendo a seus principais chefes, presos em presídios de segurança máxima. Aliás, o terror imposto pelos bandidos foi justamente porque os chefões estavam quase incomunicáveis, se não fosse por alguns advogados que não guardaram o juramento de serem guardiões da Lei e carregaram alguns bilhetinhos com ordens expressas para o ataque.
            O povo brasileiro e toda a mídia nacional se orgulharam do trabalho realizado pelas forças que invadiram aquelas favelas e mostraram que o crime não sairia vitorioso desta vez. No plano local, em Natal, está mais do que na hora dos natalenses também se orgulharem. Não precisa nem uma força de ataque, tampouco de tanques ou sair atirando. Basta fechar as entradas e saídas dos entrepostos de vendas de drogas da cidade, como por exemplo, o Paço da Pátria, no Centro e a comunidade de Mãe Luíza, vizinha de Petrópolis e da Via Costeira.

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