segunda-feira, 16 de abril de 2012

Esquecidos

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

Lendo os jornais e acompanhando o noticiário policial na televisão, me deparo, quase todos os dias, com a morte, sempre muito violenta, de jovens que não atingiram nem os 20 anos. São execuções por disputas de pontos de vendas de drogas, brigas entre torcidas de futebol, brigas por namoradas. Casos que a cada dia igualam Natal a cidade de Nápoles, descrita pelo jornalista Roberto Saviano no seu livro Gomorra.
Até quando esses assassinatos ficarão impunes e serão tratados como meros casos de traficantes contra traficantes ou discussões entre torcidas organizadas? Até quando a nossa sociedade ficará sem voz e o nosso Governo sem atitudes com esse verdadeiro morticínio de nossa juventude? Afinal, esses meninos e meninas não merecem uma maior observação e um cuidado especial com o seu presente e futuro?
Sinto que as pessoas que leem essas matérias em jornais ou acompanham os programas policiais na TV estão ficando apáticas com todas essas informações e esquecendo que esses jovens que morrem e matam todo dia são parte fundamental de nossa comunidade. Esses adolescentes têm famílias, amigos, histórias. Não são ratos de laboratório ou baratas para ficarem esquecidos e soltos ao Deus-dará.
Vamos realmente abandoná-los e deixar que se matem nas ruas de nossa periferia ou tentaremos algo de positivo para esses garotos? É inconcebível que os nossos governantes tratem a juventude como algo de importância mínima. Uma geração inteira largada a própria sorte. Por quê? Por que são pobres, e na sua esmagadora maioria, negros?
Somente com investidas policiais não acabaremos com esse faroeste caboclo e nem muito menos com o oferecimento de subempregos que remuneram mal e sugam a juventude desses garotos e garotas. As ações, sejam elas governamentais ou da sociedade civil organizada, devem analisar a história dessas pessoas e também os seus desejos como participantes de uma geração que é estimulada a todo o momento a consumir e se inserir no capitalismo.
Ou pensamos e colocamos em prática algo concreto ou perderemos essa parada para as drogas, a prostituição e a violência desenfreada. Ou alguém acredita que a coisa não pode piorar e degringolar de vez?
Vamos agir!

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