domingo, 28 de abril de 2013

GRANDES ANÁLISES, PEQUENOS RESULTADOS


Por Flávio Rezende*

        Ao retornar para casa, no fim da tarde, gosto de sintonizar o rádio numa FM para saber as notícias do dia, uma vez que sempre absorto em atividades diversas, na maioria das vezes não fico sabendo o que está rolando no planeta que habito com renovado prazer.

        Hoje temos uma grande variedade de programas, migrando a FM de espaço exclusivo de música, para um mosaico de muitas coisas, notadamente piadas, futebol, política, religião e comentários.

        Vários programas apresentam comentaristas diversos e, alguns, pródigos em fácil verbalização de análises, conseguem fixar nossa atenção, devido a uma perfeita junção de frases de efeito com entonação de voz e, domínio do assunto eleito para aquele momento.

        O danado é que as análises muitas vezes convergem para uma confiança absoluta de que o dito e o previsto, vão acontecer, nos levando a crer, devido ao enfeitiçamento em que somos mergulhados no caldeirão das capacidades apresentadas pelo analista, de que, de fato, o dito vai ser o futuro.

        O tempo passa e, a realidade, teimosa que só ela, mostra um presente totalmente diferente e, tudo o que foi analisado e dito como caminho natural do pensado, não se traduz, frustrando o ouvinte e, encaminhando sua própria análise do analista e futurista, de que o mesmo tem mesmo é muita lábia, lero-lero, grande capacidade de expressar pensamentos, mas que suas colocações não passam de orgasmo mental.

        Isso acontece com muitas pessoas. Elas começam a falar e essa capacidade que tem, além de causar admiração nos que estão próximos e naqueles que estão ouvindo através da mídia, também as embriaga, a pessoa passa a curtir a si mesma, se achar muito capaz, inteligente, ai começa a misturar zuada de lambreta com zero na caderneta, entrando num oito que deixa todo mundo extasiado, mas, que não passa disso, um vai e vem de frases fiadas sob o manto de um tema, que no fim, não produz um vestuário e, sim, um farrapo oratório.

        Encontramos também esses analistas sem resultado concreto no futebol. O cara faz um comentário esculhambando o time e dizendo que da maneira que está o escrete não vai a lugar nenhum, ai no segundo seguinte, o mesmo time que não prestava para nada, começa a fazer gols, com o comentarista mudando da água para o vinho e, intitulando aquele mesmo time, de esquadra, seleção, timaço.

        Essa é a vida, imprevisível, que parece não gostar de ser adiantada, preferindo acontecer como ela é, no momento, fugindo de regras, de paradigmas e, revelando a todo instante que não adianta falar bonito e citar grandes pensadores, afinal a única coisa que não muda, é que tudo muda e, a própria mutação como lei universal, não permite que no presente, possamos seguramente, querer saber o futuro.

·       É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

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