domingo, 28 de outubro de 2012

O baitola


Por Augusto Leal (Guga)
Engenheiro / arteepiso@digi.com.br

Os estudiosos afirmam que a origem da palavra baitola ou baitolo, vem do Ceará, mas não da Praça do Ferreira em Fortaleza, e sim da época da construção de estradas de ferro. No nordeste, as principais ligações vieram do Ceará através da Estrada de Ferro de Sobral que iniciou a ligação de Fortaleza a Sobral em 1879 concluída em 1882. Em Pernambuco, além da primeira ligação de Recife ao Cabo pela E.F. Recife ao São Francisco, a Great Western abriu a ligação entre Recife e Paudalho em 1881. Vinte anos depois a própria Great Western assumiria o controle da ligação de Recife com o Cabo. No restante do país, embora muitas empresas ferroviárias tenham sido criadas nas duas décadas da primeira expansão brasileira, as ferrovias mais importantes foram feitas apenas na primeira metade do século XX.
Dizem os linguarudos que lá pelo Ceará, na época da construção de uma dessas estradas o engenheiro responsável era inglês e era fresco - Na época “lá pras aquelas bandas” na existia gay, nem gls, coisas da modernidade, era fresco mesmo. Pois bem, na construção tinha que ter muito cuidado com a bitola da ferrovia, então o inglês gritava muito com um jeitinho e gestos muito peculiar – Olha a baitola, cuidado com a baitola, daí a origem do nome.
Mas os tempos mudaram, a palavra baitola, passou de adjetivo para ser verbo, talvez o verbo baitolar, que pouca gente conhece, mas com o tempo e a mudança gramatical vai sem duvida aparecer. Senão vejamos: quando o individuo que eu prefiro chamar de elemento (marginal na linguagem policial) pratica uma ação grosseira ou estúpida a gente fala logo:
- Isto é um baitola. 
Assim de ver tantos baitolas agindo, o verbo baitolar passou a ser uma constante em nosso cotidiano.
O baitola de hoje, mora em uma minúscula casa ou apartamento, mas, porém, todavia, no entanto, e, entretanto, possui um carrão, só usa roupa de grife, embora fique devendo no cartão e às vezes não paga, uma mulher linda e burra como ele e se acha o sabichão, mesmo que sua ignorância seja maior que sua burrice. Pois bem, enumerei alguns atos de baitologem praticados por baitolas declarados ou recônditos, de ambos os sexos.
Dirigir pela faixa da esquerda, e quando solicitado não dar passagem. Este fato é muito comum dos motoristas baitolas aqui em Natal.
Estacionar em lugares reservados para idosos ou deficientes físicos. Neste caso vejo muitas vezes o cidadão ou cidadã com a cara deslavada dizer – Desculpa, fui ali mas voltei logo.
Trancar os cruzamentos das ruas evitando que quando o sinal abrir, os carros que cruzam não possam se locomover.
Dirigir displicentemente falando ao celular, principalmente na faixa da esquerda.
Fumar em ambientes fechados ou abertos que sejam frequentados por várias pessoas.
Falar ao celular com tom de voz muito alto, incomodando as pessoas próximas, ou usar o som do carro as alturas nas ruas, bares e outros locais.
Chegar aos consultórios médicos ou em qualquer lugar, querendo passar na frente de outras pessoas.
Dirigir um carro de maior de porte e pensar que por isto o faz dono do mundo.
Trancar os veículos em velórios, estacionamentos, igrejas, ou estacionar no meio da rua como muitos fazem ali na Igreja próximo a Praça Augusto Leite.
Viram como Natal está cheio de baitolas? 
Faltam ainda muitas ações que aqui não vai dar para enumerar. Mas meu maior medo é que com essa “historia de quotas” criem também cotas para os baitolas modernos, que não classifico como homossexuais e sim uns grandes F.D. P, que se acham os donos do mundo. Aí nós cumpridores dos nossos deveres, estamos top, top.

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