domingo, 15 de janeiro de 2012

Ruína familiar

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

Na segunda-feira (09), foi assassinado com vários tiros o jovem Edson Amaro da Silva, de 29 anos, no bairro do Bom Pastor. Morador de rua e viciado em crack, o rapaz foi alvejado enquanto perambulava pelas imediações do ponto de trens localizado naquela região. Uma dívida com traficantes de drogas é a aposta principal para mais essa morte. 
No texto publicado por um jornal de Natal, a informação que Edson morava muito próximo da estação de trens, mas que mesmo assim preferia viver nas ruas e becos do Bom Pastor. O motivo: o vício que fez com que o jovem destruísse completamente a sua casa e vendesse tudo o que tivesse dentro. A dependência na mais devastadora das drogas. A vida entregue ao maldito cachimbo da morte.
Na leitura do periódico, a digestão de um enredo que virou banal. Um sentimento de quase apatia. No final do texto, a descoberta de uma trajetória desestruturada. A descoberta que na sua família quase todos eram dependentes de drogas. O pai, a mãe e uma irmã.
Uma pena que essa ruína não é excluvidade da família de Edson Amaro e que essa descoberta também já não choca. Uma pena saber que esse caso será mais um computado nos inúmeros relatórios policiais e que quase nada será feito para se encontrar os autores do crime. Uma pena saber que histórias como essa somente serão analisadas pelo viés da segurança pública quando deveriam ser também pelo da educação e da psicologia.
Tristeza maior é saber que os bandidos que atiraram no jovem Edson são tão pobres e sem perspectivas como ele. Cegos que convivem todos os dias no meio da lama da indiferença e da violência extrema.        
Até quando iremos virar a face para essa realidade que afeta milhões de pessoas? Quando iremos acordar para o grave problema da dependência em narcóticos? 
Somente com polícia nas ruas não conseguiremos.

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