quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Pinacoteca do Estado recebe a exposição Gravura em Campo Expandido


Gravuras que apresentam as experimentações e pesquisas de sete artistas ficarão expostas para visitação até o dia 22/12

A Pinacoteca do Estado – Palácio Potengi recebe a exposição Gravura em Campo Expandido, que será aberta na próxima quinta-feira, 22, a partir das 19h. Na ocasião, haverá um descontraído bate-papo com os artistas Bia Rocha, Artur Sousa, Jota Medeiros, Laurita Salles, Sayonara Pinheiro, Selma Bezerra e Pedro Ivo, sobre a técnica de pintura, que compõem o apanhado, sob a curadoria de Sanzia Pinheiro e Artur Sousa. A exposição fica aberta para visitação até o dia 22 de dezembro, de terças a domingo, das 8h às 17h. Entrada gratuita.

Gravar é um ato de criar incisões a partir de objetos de maior dureza sobre um material de menor dureza. Em arte o ato de gravar é utilizado no processo de criação de matrizes a fim de se controlar uma imagem que será reproduzida por estampagem, estabelecendo-se assim, no processo tradicional da gravura, a relação imagem/matriz/reprodução, sendo a imagem estampada sobre suporte como o fim do processo. Na contemporaneidade, com a expansão do campo da arte para além das categorias tradicionais, na confluência de atividades e de temáticas em aproximação à vida, ao cotidiano e ao ordinário, a gravura, meio tradicional de reprodução de imagens, veio a relacionar em suas práticas os processos industriais, a noção de corpo como elemento constituinte do processo, experimentações que perpassam a relação matriz-estampa.

A exposição Gravura em Campo Expandido apresenta as experimentações e pesquisas de sete artistas sobre o prisma da gravura em campo expandido.


O trabalho de Artur Souza, “Pontos Gráficos Nodais em Fluxos da Cidade de Natal”, realizada em 2011, é uma pesquisa em arte  que incorpora a intervenção performática em vias urbanas ao processo de produção de imagens. O trabalho articula a produção no espaço do atelier a intervenções urbanas realizadas em dez vias de grande fluxo em Natal, no período de julho a setembro de 2011. As estampas (10, de 40x40cm) e a documentação do processo são apresentadas em uma instalação que pretende aproximar o espectador ao momento em que a performance e a imagem são realizadas, articulando imagem, cidade e o corpo do artista.

Laurita Salles, artista e professora adjunta do Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da cadeira de Gravura, apresenta uma estampa dourada, sem título, de uma série realizada em 2007, que é decorrente de suas pesquisas no campo fabril. A artista se apropria do processo de gravação com buril eletrônico para a realização de imagens. O trabalho estabelece uma relação entre a produção digital de uma imagem, que vai sendo derivada, criando pontos virtuais, estabelecendo relações entre o campo gráfico e a tridimensionalidade, na sugestão de perspectivas ou pelas diferentes densidades de tinta que o processo de gravação, aliados ao processo de entintagem deixam sobre o suporte final (papel). Suas pesquisas estão trazendo contribuições importantes para a discussão do campo expandido da arte.

A série “Barcos”, de Sayonara Pinheiro, realizada entre 2011 e 2012, a série realizada sobre tecido e/ou tela, apresenta as pesquisas da artista na Vila de Ponta Negra, especificamente nos barcos de pescadores. Ela faz uma série de frotagens com giz sobre as marcas e texturas que são construídas pelo mar e pela ação do próprio construtor do barco como indícios de memória, de pertencimento, de identidade.

Jota Medeiros, exibe parte de uma série de manchas, numa alusão as manchas padrão Rorschach, sem titulo, realizada em 2010, neste trabalho o artista cria uma série de manchas com tinta acrílica azul e preta, onde a imagem criada é decorrente do duplo entre a ação de criar manchas e da dobra da tela, estabelecendo uma relação de cópia invertida, mas participante da imagem total. O suporte é novamente engradado, como um possível mascaramento do processo de dobra.

Pedro Ivo e Bia Rocha apresentam uma intervenção direta no espaço da sala da Pinacoteca, os artistas utilizam uma série de estênceis que fazem alusão a produção tradicional da gravura, mas recriam em um processo próximos aos de permeação. As imagens estabelecem uma relação de situação, site specific, com o espaço, em escala ampliada, as imagens chegam a ter 2,8 metros. O trabalho apresentado é parte das ações do grupo sobre a cidade e tem influências na cultura de rua e hip-hop.

A série de impressões da/na Rua Chile de Selma Bezerra, de 2005, transcorre da ação de fixar grandes folhas de papel sobre a Rua Chile e deixar que os transeuntes trafeguem sobre ela, nessa ação cada um que passa sobre a folha deixa uma marca, parte da memória de um deslocamento. As folhas são retrabalhadas no atelier da artista de forma a ressaltar essas marcações do solo, onde cada pedra é transposta da rua para a galeria.

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