segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sem emoção

João da Mata Costa
Escritor

Véspera de eleição muitos candidatos nas ruas. Todos os bares estão cheios. Políticos procuram eleitores em todos os lugares. No bar é mais fácil. Eleitores descontraídos que aproveitam para tomar mais uma por conta do futuro senador ou deputado. Por isso mesmo esse é um tempo bom para os bêbados, doidos, comediantes e jornalistas. Todos se aproveitam desse momento para molhar a palavra nem sempre fiel. Engordar um dinheiro e tirar a barriga da miséria. Eles estão em todos os lugares e bares e fazem tudo para atrair, com ou sem poluição. O cabo eleitoral passa por mim todo sorridente e não dou bolas. A cabo eleitoral capricha no decote e na minissaia. O outro traz o santinho escondido dentro da agenda. Todos os doidos fazem discursos e saem para as ruas. È bonita a festa, pai. Me ajude com essa crônica que não era para falar disso que eu comecei.

Ontem fui visitar as praias e lagoas da zona norte do RN. Fazia tempo que não fazia esse passeio eco-turístico. Mais turístico que eco. Na cachoeirinha de Pitangui bebida e comida com a mesa e pés dentro da lagoa. Um delicia. Churrasquinho de camarão e de lagosta Ula-ula a dez contos. Não sou turista não seu moço. Com emoção é mais caro!.

Descida de ski-bunda das dunas caindo numa piscina artificial e suja. Tô fora. Para fazer xixi só no banheiro ecológico em cima das dunas, nosso pulmão do aqüífero, continuamente poluído.

Antes, depois de atravessar a ponte Newton Navarro, uma passada em Estivas para comer sapoti, tomar uma água de coco e comprar frutas para a viagem que demorará o dia inteiro. Na Lagoa de Jacumã muito mais emoção ao descer de tirolesa. Achei pouco seguro para crianças e não recomendo às minhas sobrinhas. Tomo cerveja e faço mais um xixi ecológico: sem emoção.

Pitangui, Muriú, Barra de Maxaranguape para abastecer e comprar gelo para a vodka com laranjada. Zumbi, Maracajaú e Pititinga. Quantas lembranças do tempo em que descobríamos essas praias sem os estranjas. Só com os pescadores, todos nossos compadres. Trocávamos peixe por cigarro e o ensopado de polvo e lula estava garantido.

Emoção eu senti mesmo com meu irmão dirigindo o carro subindo e descendo dunas sem conhecer. Que medo. Lá na frente o carro não passa. Tivemos que baixar a pressão dos pneus.

A fome aperta e chegamos depois de alguns erros no bar do vovô, numa praia com nome de madeira. Delicioso pastel de arraia. O peixe frito e cozido é a pescada branca e cavala. A tapioca estava melhor. O preço mais salgado que a comida. É o preço do progresso. Até ali tinha prefeito. É o crepúsculo quando voltamos. Belo final de tarde de um maravilhoso passeio. Com e sem emoção. Vou procurar um bar para fazer xixi. O bar do vovô até que é limpo. Quando voltar, telefone. Até!.

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