segunda-feira, 25 de julho de 2011

Foi sem querer querendo

Paulo Correia
Jornalista /
paulo.correia@r7.com
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Chaves, uma das séries infantis de maior sucesso no mundo e que no Brasil tornou-se mito, acaba de completar 40 anos. Quatro décadas animando as manhãs, tardes e até noites da garotada e de muito marmanjo que não pode ficar sem as peripécias do garoto órfão, da engenhosa Chiquinha, do mimado Kiko, dos apaixonados Dona Florinda e professor Girafales, do clássico seu Madruga e de todos os outros personagens. Personagens que marcaram várias gerações e que transformaram os seus interpretes em artistas reconhecidos mundialmente.
Roberto Bolaños, criador da série e do seu personagem principal, explicou em recente entrevista para um jornal do México (país de origem do seriado) sobre o sucesso do programa e o seu prestigio junto ao público depois de tantos anos. “Chaves é um menino pobre, faminto, que mora num cortiço e que apesar de tudo, não perde o bom-humor e a vontade de se ser feliz. Portanto, em qualquer país onde houver crianças nessas condições, o sucesso será garantido, pois o público identifica facilmente o contexto do seriado com sua própria realidade social. Claro que conta também o fato de ser um programa que exibe um humor ingênuo, simplório e sem nenhum tipo de apelação”. Tudo isso aliado com outros personagens já citados, criou o clima ideal para o sucesso de Chaves.
E se hoje os números alcançados impressionam qualquer pessoa que trabalha em televisão, na década de 1970, quando a série foi lançada, eles eram estratosféricos. Para o leitor ter uma idéia, em 1973 o programa atingia a marca de mais de 60 pontos no horário nobre. E isso em todos os países da America Latina que falavam o espanhol.
Para esse pobre fã brasileiro, o sucesso do programa está na boa mistura de ingenuidade e malandragem dos seus personagens. No humor sem apelações. Na concepção que dentro daquela vila eles podem até discutir um com o outro, mas nunca humilhar o vizinho.
Vejo nos episódios do Chaves um pouco do nosso Brasil de antigamente. Um Brasil mais rural e fraterno. Um país que observava a vida do vizinho, mas que também o ajudava. Um Brasil que dificilmente observo nos dias atuais.
É isso. Salve Chaves e toda a turma da vila!

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