segunda-feira, 11 de julho de 2011

O país dos extremos

Sílvio Caldas
jsc-2@uol.com.br).
     Na minha opinião somos o país dos extremos. Exemplos vários.
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    Comecemos pela proibição do trabalho infantil. Recentemente foi descoberto um autêntico trabalho escravo no Estado do Piauí. Como de resto existem vários pelo Brasil a fora que retiram as crianças de viverem potencialmente a infância e os seus direitos sociais, como o acesso à educação de qualidade.
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     Outrossim, é meritória a campanha que tenta a todo custo livrar nosso país da prostituição infantil, tanto ao longo das rodovias como nos nossos grandes centros urbanos. Porém, no duro, ninguém consegue acabar com os flanelinhas, desocupados e fumadores de crack. Estou me referindo às crianças na rua.
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     De há muito penso sobre o fenômeno e me atrevo a dar uma opinião. É muito fácil (ou menos problemático) localizar o trabalho escravo ou mesmo promover blitz espetaculosas. Via de regra previamente acompanhadas pelos chamados “furos” jornalísticos. Mas... o que fazer com as crianças desocupadas e que continuam fora da escola? Bem, aí vem a parte difícil e complexa. Muito fácil aplicar os rigores da lei e as fiscalizações espetaculosas. O que é mais difícil (o lado propriamente social), aí, deixa-se para depois...
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     Outra balela: o Brasil sem fome. Ou seja, aplica-se o dinheiro do contribuinte no falacioso fome zero, mas nada de se ensinar o povo a produzir, simultaneamente. A educação continua sendo criminosamente descuidada, pois um povo educado desenvolveria com mais eficiência seu senso crítico, o que vale dizer, melhor conscientização na hora da escolha dos governantes. Ou seja, povo de barriga aparentemente cheia é povo aparentemente feliz, para alegria de maus políticos.
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     Não tenho autoridade técnica para falar de estatísticas. Mas tenho pra mim que nossa Nação gasta muito mais com segurança do que com educação. Os resultados começam a florescer e vai dar trabalho para inverter a estatística. Hoje em dia pagamos à polícia, em geral, bem melhor do que aos nossos professores. Não que os policiais não mereçam. Mas os resultados do seu trabalho são imediatistas. A polícia prende, a Justiça solta e a bandidagem continua a florescer, ao passo que professores mal pagos e mal formados vão se marginalizando ou migrando para profissões que lhe asseguram uma qualidade de vida mais digna. Antigamente, ser professor no Brasil era uma honra e dava status. Hoje em dia, dá pena. Afinal, investir em educação é o mesmo que investir em saneamento. Trabalho de custo elevado e de resultados de futuro relativamente longínquo em relação às próximas eleições. Bem mais produtivo as obras de fachada.
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     Só para exemplificar: quantas escolas poderiam ser construídas com o dinheiro gasto nessa tal arena das dunas que demoliu nosso poema de concreto?
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     Acho que hoje amanheci de mal humor. 

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