quarta-feira, 13 de julho de 2011

Meninas

Paulo Correia
Jornalista /
paulo.correia@r7.com
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Depois de um atraso indesculpável, acabei a leitura de As Meninas da Esquina, da jornalista Eliane Trindade e lançado pela Editora Record em 2005. O livro é um verdadeiro diário de guerra e pouca paz de seis meninas que não tendo muitas oportunidades na vida, resolveram entrar para o mundo da prostituição. Não a prostituição das Brunas Surfistinhas do país, que conseguem ganhar uma grana alta com os programas, mas uma prostituição que se resume a pouco dinheiro e muita violência física.

Seis garotas que começaram nesse perigoso mundo ainda muito jovens, com 9, 10 anos. Meninas que hoje, já adultas, ainda possuem sonhos de crianças e responsabilidades extremas. Na publicação, esse círculo de sexo, drogas e violência física e moral são contados em cada página. Um relato que muitas vezes passa despercebido de nosso cotidiano e que somente chama a nossa atenção quando alguma dessas garotas é morta por algum cliente ou cafetão.

No livro, as histórias de Natasha, Britney, Milena, Yasmin, Vitória e Diana são muito parecidas. Muito próximas da realidade de inúmeras garotas como elas. Pobres, com pouca educação, e utilizando quase todos os métodos para conseguir realizar os seus sonhos. E uma dessas armas é o corpo jovem de cada uma.

O livro foi transformado em filme em 2009 pela diretora Sandra Werneck e se tornou um dos grandes sucessos daquele ano nos cinemas. Na película, a história das seis meninas foi transformada no dia a dia de três delas. Um novo olhar para essa mesma tragédia brasileira e que consagrou Nanda Costa como a atriz vencedora do Festival de Cinema do Rio de Janeiro de 2010.

  Agora em 2011, essa mesma realidade ainda se perpetua nos grotões mais pobres do Brasil e nas esquinas de nossas metrópoles. Nesses dias, uma nova notícia trouxe “espanto” para esse país de assombrados e cínicos. No esquecido estado do Amazonas, a Polícia Federal está investigando 20 norte-americanos suspeitos de aliciamento e prática de sexo com índias menores de idade.

Até quando essa realidade, no campo ou nas cidades, vai manchar a imagem do Brasil? Até quando fecharemos os olhos para as meninas da esquina?

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