Suor

Paulo Correia
Jornalista
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Suor, um dos mais brilhantes livros de Jorge Amado completou 76 anos da primeira publicação em agosto. Um relato comovente de uma grande fatia da nossa população que, muitas vezes, passa despercebida do nosso olhar. Uma estória que trata dos marginalizados por nossa sociedade. Um enredo que depois de tantos anos, continua atual e chocante. Uma obra que ganhou novo fôlego com as reedições dos livros de Amado pela editora Companhia das Letras. Um livro que precisa ser lido.

A estória de Suor é a realidade de um Brasil abandonado pelo poder público e esquecido pela chamada classe média. É um Brasil que passa pelas beiradas da vida, que anda espremido em ônibus lotados, e que vive em lugares sem as mínimas condições de higiene.

No texto, Jorge Amado escreve sobre a vida em um sobrado na ladeira do Pelourinho, em Salvador. Nesse local, sobrevivem seiscentas pessoas. Operários, mendigos, lavadeiras, prostitutas, desempregados, e muitos problemas. Ali, uma foto batida exibiria o personagem principal do livro: o próprio cortiço.

Lançado em agosto de 1934, quando Jorge Amado tinha apenas 22 anos e exibia na bagagem outros dois bons livros, O País do Carnaval e Cacau, a publicação de Suor mostrou para todos que o jovem de Itabuna era pé quente e retratava, como poucos, a dureza da vida urbana.

Uma obra forte e triste em determinadas passagens, mas que nunca deixa o leitor cair na depressão, pois a brutalidade do cotidiano é enfrentada por gente que tenta sacudir a poeira e dar a volta por cima.

“Harmônicas, violões, dichotes, pinga. Se esqueciam, por um momento, do trabalho pesado, da exploração que sofriam, da fome que os esperava. Os que estavam sem trabalho afogavam as mágoas em cachaça e, quando queriam, gritavam a sua raiva contra os patrões. Até os soldados apoiavam”.

Fica a dica de canto de página: Suor, do genial Jorge Amado.