quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tiririca com tudo, quero votar num Tiririca

Eduardo Alexandre
Jornalista

(A Eustachio Lima, que passa bem, baleado no braço por bandidos, ontem, defronte a sua casa)

Confesso que me sinto frustrado nessa campanha 2010 para presidente da República. E que está certo o eleitor paulista, que vai eleger Tiririca o deputado federal mais votado da História deste país.

Lamento que entre o elenco de candidatos à Presidência, eu não encontre um Tiririca pra votar. E lamento que não haja um Tiririca candidato no Rio Grande sem Norte.

Como estou tiririca, quero estar com Tiririca. Ah, como eu queria poder votar num Tiririca!

É o meu sentimento num país dominado pelo populismo ignorante e malévolo das nossas horas matreiras afastadas de leis, onde o golpe abaixo da cintura é válido posto que é cego o juiz que não quer ver.

Quisera poder votar num Tiririca para dizer da decepção de ter de escolher um cacareco para dirigir a nação amada, sem noção do que um palhaço seria capaz quando no timão da nave louca, em meio a mar revolto, sujeito a ventos incertos.

Incomoda-me a desfaçatez, a inconseqüência.

Incomoda-me em mim a minha incapacidade de não poder mudar o destino cinzento que se descortina sob manto de mentiras e chicotes direcionadores de inconsciências necessitadas.

Triste a nação que não sabe ler o seu destino; não enxerga seu futuro imediato.

Democracia de voto popular é sublime conquista da humanidade, conquista edificada em séculos de imaginação, sonhos, revolta e sangue. Reflexões filosofais levadas ao ralo que faz emergir finanças financiadoras de votos conspícuos, cabrestados em currais mapeados em pranchetas de casas conhecedoras de jogos manipuláveis, nos quais, como bispo ou cavalo de xadrez, é peça o elemento humano, eleitor privado de seu próprio querer.

Na ditadura partidária que vivemos, mais e mais força terão os coronéis modernos, senhores proprietários dos crachás convencionais pagos a migalhas.

O santo é oco, o andor é de barro e, no entanto, Tiriricas só existem para poucos, privilegiados eleitores que podem mandar à pequepê a farsa da democracia movida pelo poder do capital.

Tiririca com tudo como estou, quero votar num Tiririca e nem nele sou apto a votar!

Argh!

Nenhum comentário:

Postar um comentário