terça-feira, 29 de maio de 2012

Presente nota 12

FOTO: CANINDÉ SOARES

Leonardo Sodré
Editor

A conversa rolava solta na agência entre Mulher e Amiga. Para não variar os temas, sempre sobre moda, beleza, regime e sobre algumas pessoas. Mas, elas não falam de ninguém, apenas comentam. Neste dia de maio Mulher falava sobre a preocupação em comprar um presente de aniversário para a prima, porque estava sem dinheiro. Amiga não contou conversa e foi logo dizendo:

- Mulher, vamos lá ao bairro do Alecrim que tudo é barato, você vai ver...

- Mas, no Alecrim, Amiga? Retrucou Mulher. Eu nem sei andar no meio daquela confusão toda. Você sabe que meu negócio é shopping, a Oscar Freire de Natal – se referindo à avenida Afonso Penas, coisas de grifes. Você sabe como é.

- Besteira, Mulher. Vamos lá que ninguém vai saber e você compra um presente que vai fazer o maior sucesso.

E foram.

Já no bairro das coisas baratas, Mulher conseguiu rapidamente um estacionamento estratégico e como o carro era novo não se preocupou em ser reconhecida por alguém conhecido das baladas Vips que freqüenta semanalmente.

Entraram numa pequena loja que vendia de tudo, principalmente bijuterias e se encantaram com os preços. Mulher, em pouco tempo encontrou o presente que queria dar a sua prima, uma pulseira muito bonita por apenas doze reais. Comentou com Amiga:

- Amiga! Ela vai pensar que esta pulseira custou, no mínimo, cento e quarenta reais, pode acreditar.

Amiga não perdeu a oportunidade de tirar onda em cima da amiga, na frente da dona da loja:

- Tá vendo Mulher! E você cheia de preconceitos com o Alecrim...

Nesse ponto a dona da loja entra no assunto:

- Ora, minha filha - dirigindo-se a Mulher. Todos os dias vem gente chique feito você comprar coisas por aqui. Tem até dona de loja que compra roupa para vender mais caro no Plano Palumbo, sorriu divertida.

Quando chegaram, felizes, na agência, ainda comentavam as compras baratas que tinham feito e os colegas desconfiaram que tivesse rolado até compra de roupas na incursão alecrinense.

E, enquanto Mulher arrumava o presente, ainda preocupada em ter sido reconhecida andando naquelas lojas baratas, perguntei baixinho a Amiga quando iam voltar lá. Amiga abriu um sorriso e disse baixinho piscando o olho:

- Não diga a ninguém, mas eu acho que ela ficou viciada no Alecrim.

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