quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tentando compreender as nossas diferenças

Por Flávio Rezende *

A vida tem inserido em meu cotidiano uma série de situações que levam inevitavelmente ao contato com outras pessoas. A profissão que escolhi e segui é facilitadora do contato humano e do bate papo fácil.

Este contato constante com outros seres desagua numa avalanche de circunstâncias, que, em alguns casos, me remetem a uma reflexão a posteriori do encontro oral com determinadas pessoas.

Algumas dessas reflexões são prazerosas e, geralmente acontecem quando o interlocutor expressa em seu ponto de vista uma oratória bonita, um domínio de palavras e de expressões, aliados a trejeitos corporais que me seduzem e me causam extremo prazer interior.

De outro lado, também fico refletindo depois de algumas conversas sobre o porquê de algumas pessoas serem tão radicais em alguns pontos de vista totalmente opostos aos meus.

Às vezes, por exemplo, encontro alguns seres que se colocam radicalmente contra essa coisa de ajudar o próximo. Os esotéricos ou exotéricos dizem que se a pessoa tem um karma a pagar, a cumprir, etc., ela precisa caminhar com suas próprias pernas, que uma pessoa ajudar a outra, é como se atrasasse seu aprendizado necessário. Tem ainda aqueles que dizem que não se deve ajudar o outro, pois isso cria uma dependência e a pessoa fica viciada naquilo e não quer mais trabalhar.

É um assunto difícil e noto que algumas pessoas ficam muito aborrecidas quando digo que os grandes mestres da humanidade realçaram a importância de servir ao próximo, ajudando de muitas maneiras, vide Jesus e Sai Baba que curavam, atendiam pedidos diversos e, até hoje, no serviço humanitário invisível que prestam a nossos irmãos, continuam a facilitar vidas e atender pedidos.

Não creio que uma mão amiga, uma ajuda material esporádica, um esforço no encaminhamento de um emprego, uma inserção de seres em ambientes culturais e sociais, entre muitas outras ajudas, seja uma interferência no karma e nem que crie dependência. Isso pode acontecer com algumas pessoas e em alguns casos, mas prefiro acreditar que estes casos são as exceções.

De toda maneira reflito muito sobre tudo isso, buscando compreender os demais, sempre com educação e atenção, sabendo que lá na frente, posso também passar a pensar igual a eles, pois não acredito em definições engessadas e em verdades absolutas, preferindo seguir minha intuição e aquilo que me deixa feliz no momento.

A própria existência vai nos proporcionando uma análise mais apurada das coisas, quando a vida, nos coloca exatamente no lado oposto. Tempos atrás eu defendia o Partido dos Trabalhadores em todas as situações. Custava-me crer que pessoas como Delúbio Soares, Zé Dirceu, Genoíno e tantos outros, podiam ter o mínimo de envolvimento com falcatruas e influências capitalistas. Hoje, mesmo que isso possa acontecer no nível de ideologia, como que para manter um grupo no poder, já colhi elementos suficientes para crer que no PT tem muitos malfeitores sim.

Diante disso, já não defendo o PT e prefiro ter uma posição política distanciada de partidos. Com o envolvimento do PT em corrupção se nivelando a todos os outros já mestres no assunto, morreu para meu ser a revolução partidária. Agora observo as pessoas e, até prova em contrário, vou botando fé em um ou outro, neste rareado mar de peixes, piranhas e tubarões.

E assim sigo, tentando compreender as nossas diferenças, mudando quando acho que minha antiga posição caducou e, tentando me sentir bem diante de uma pessoa que fala bem, se expressa bem e, têm no conteúdo de sua ideologia, as boas falas e gestos de uma alma verdadeiramente boa.


* É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

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