terça-feira, 15 de maio de 2012

Sanguessugas do Brasil

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

No começo de abril, chegou as livrarias de todo o país, pela Geração Editorial, o livro “Sanguessugas do Brasil”, do jornalista Lúcio Vaz. A publicação, pertencente à coleção História Agora, que já lançou no mercado o estrondoso “A Privataria Tucana”, é um apanhado de 12 escândalos nacionais que envolvem corrupção, assassinatos e políticos e empresários bandidos.
No texto, Vaz explica como se articularam e operaram alguns dos principais grupos criminosos do Brasil. De licitações fraudulentas, passando por ajuda e participação direta de parlamentares e servidores públicos, até assassinatos de prefeitos de pequenas cidades que falavam demais.
Na leitura dos casos, a constatação que o sentimento de impunidade é absoluto. Uma certeza que o Brasil e o seu dinheiro merecem ser roubados. Uma certeza que nada irá ocorrer e que ninguém será punido verdadeiramente. Algumas peças precisam cair para saciar a opinião pública, mas o jogo sujo continua e os milhões de reais continuarão sendo desviados.
Um dos casos apresentados e que dá nome ao livro, envolve um deputado federal de Rondônia, Nilton Capixaba, em uma trama que mistura propina paga por pequenas prefeituras e uma fábrica que constrói ambulâncias. Uma história que poderia ser fatal para o jornalista, caso ele não se cercar-se das boas cautelas da profissão.
No texto, dois capítulos são integralmente dedicados ao Rio Grande do Norte e as mazelas enfrentadas pela sua população, notadamente a população mais pobre e moradora da zona rural. Nas páginas, o escândalo da Máfia dos Remédios (que desviava verbas federais destinadas a compra e distribuição de remédios para municípios do interior), a obra inacabada do Hospital Terciário de Natal e a eterna construção da barragem de Oiticica, em Jucurutu.
Na leitura desses capítulos e em todos os outros, observei que os principais personagens dos desvios são os mesmos. Os nomes, sobrenomes e filiações partidárias podem até ser diferentes, mas a desfaçatez, o desprezo pelo próximo e a sensação que são intocáveis são os mesmos. “Bem cuidados senhores da suas riquezas, senhores dos muitos favores. Das vantagens fáceis do poder. Senhores do tráfico de influência”, como canta a banda de reggae Tribo de Jah.
 No final da publicação, a alegria no meio do lixo. A alegria de saber que um bom repórter continuará perseguindo uma boa história. E que sempre existirão esses homens e mulheres. Mesmo sofrendo com as caras feias, as informações pela metade e até as ameaças diretas.
Fica a dica de canto de página: Sanguessugas do Brasil, do jornalista Lúcio Vaz.

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