segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Seiscentos mil brasileiros sofrem com obesidade

A doença, que já é considerada epidemia pelo IBGE, pode igualar-se ao surto americano em apenas dez anos

AEcoar - A população brasileira está cada vez mais gorda, sedentária e hipertensa. Foi o que revelou uma pesquisa feita este ano pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE). A pesquisa concluiu que a obesidade já atinge mais da metade da população adulta do país, e cresce a um ritmo vertiginoso. Segundo as pesquisas, em apenas 10 anos o Brasil poderá igualar-se aos Estados Unidos quanto ao número de casos da doença.

A obesidade é um problema de saúde pública, fruto de uma tendência mundial. Os norte- americanos, consumidores assíduos dos restaurantes “fast-foods” e da comida industrializada, sofrem com a doença que já alcança 17% das crianças e que foi responsável por US$ 147 bilhões das despesas médicas, somente em 2010.

De acordo com alguns estudos, esse crescimento epidêmico é fruto das mudanças nos hábitos alimentares da população, que passou a ingerir alimentos produzidos com alto índice de conservantes e das chamadas gorduras trans – gordura natural que é hidrogenizada em um processo industrial, para que o alimento fique mais consistente e durável. Porém, outros fatores devem ser considerados, como históricos genéticos e desregulamentação hormonal.

Brasil

No Brasil essa situação é cada vez mais preocupante. Segundo dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), em apenas 23 anos o índice de brasileiros obesos quase triplicou. E, a principal parcela afetada foi a população feminina: de 1970 aos dias atuais, a taxa aumentou de 4,9% para 13% de mulheres obesas ou obesas mórbidas.

Tratamento

Não é difícil descobrir quando aqueles quilinhos a mais se tornam os principais propulsores para o surgimento de doenças mais graves. Foi o que aconteceu com a dona de casa Sandra Bastos, 46. “Na época eu já estava pesando 115 kg, e comecei a sofrer de pressão alta”, conta. Sandra fez parte da taxa que vem crescendo cada vez mais no Brasil, que é de obesidade na parcela da população que está acima dos 20 anos.

Segundo Sandra, o problema começou após a segunda gestação, quando passou a ganhar peso muito rápido. “Eu tentei de tudo: dieta, exercícios e remédios, mas nada funcionava. Foi quando algumas amigas me indicaram a cirurgia”, disse Sandra. E a dona de casa tomou a atitude certa - entre especialistas, o consenso é de que a cirurgia é a melhor saída para os casos em que o paciente apresenta o Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40. Neste caso, a cirurgia bariátrica, na qual o estômago do paciente é reduzido, facilitando a ingestão mais moderada de alimentos. Antes da decisão, porém, é necessário um acompanhamento psicológico para ajudar o paciente a compreender que a cirurgia não é milagrosa, pois necessita de adaptação.

A dona de casa conta que, para ela, o processo de adaptação foi fácil. “Comecei a seguir outro estilo de vida – caminhar, fazer academia, seguir uma dieta”, explica. Sandra diz que não precisa seguir dietas radicais, mas que é questão de equilíbrio. “Eu posso comer de tudo um pouco, é questão de adaptação a uma rotina saudável”.

Cirurgias

Para muitas, a cirurgia bariátrica é só o começo. Além da adaptação a um novo estilo de vida, a questão estética importa muito.  Segundo o cirurgião plástico Leonardo Spencer, a melhora não está somente no âmbito psicológico, mas na readaptação no convívio social. “A principal importância é a da melhor aceitação de seu novo corpo pelo próprio paciente. A melhora em suas atividades diárias é notória também, sem todo aquele excesso de pele. Há melhora na higiene pessoal, na mobilidade e até na atividade sexual”, explica.

Segundo Spencer, com o aumento no número de cirurgias bariátricas no Brasil, a procura por esse tipo de procedimento também aumentou. As cirurgias plásticas eliminam o excesso de pele deixado pela rápida perda de peso. Outro ponto importante é que nas os pacientes ex-obesos quase invariavelmente deverão acontecer revisões cirúrgicas, pois a pele do ex-obeso é de má qualidade, devido ao grau excessivo de distensão a que ela era submetida e também a falta de absorção adequada de nutrientes pós-cirurgia bariátrica. As regiões mais comuns que precisam de correção cirúrgica são abdome, mama, coxas, braços, dorso inferior (região das costas mais próximas ao bumbum), face e pescoço.

Para a cirurgia, é preciso que o paciente estabilize seu peso. Além deste pré-requisito, a reabilitação e adaptação do paciente tende a ser tranqüila, necessitando, somente, do acompanhamento médico por alguns anos. “Este é o tipo de paciente que será acompanha do por alguns anos. Primeiramente porque necessita de varias cirurgias, com intervalo mínimo de cerca de seis meses entre elas”, concluiu Spencer.


Nadjara Martins / AEcoar
Mais informações: (84) 8703-1804 e (84) 9456-4365.

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