segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Uma ilha misteriosa

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com 

O título acima não é sobre nenhuma faixa de terra recém descoberta ou lugarejo distante. O local é bem conhecido por todos, principalmente pelos potiguares que gostam de aproveitar a noite. Escrevo sobre o ponto de Natal que, depois de tanto tempo, ainda é um grande mistério para muita gente. Escrevo sobre as ruas que compõem o chamado Alto de Ponta Negra.
Aquele território cheio de luzes, música eletrônica misturada com samba e pagode, e uma infinidade de personagens tem algo de surreal. Uma Bangkok encravada nas terras de Poti. E como a cidade tailandesa, as ruas do Alto de Ponta Negra parecem exibir uma promiscuidade sem fim.
É público e notório que os agentes da prostituição e do tráfico de drogas, inclusive internacional, circulam por aquelas ruas. E por que esse território não é observado como deveria por nossas autoridades policiais? Por que esperamos o telejornal da Rede Globo exibir essa terra de ninguém?
Se o Governo estadual continuar a ignorar completamente aquele pedaço, não demorará muito para outra matéria de repercussão nacional (falando de tráfico de entorpecentes ou prostituição) manchar novamente a nossa cidade e a praia de Ponta Negra. Deixar sem o controle correto aquele ponto da cidade é uma temeridade. E essa falta de policiamento investigativo é um prato cheio para os grupos mafiosos que já colocaram os seus tentáculos por aqui.
Para quem acredita que isso tudo são delírios, eu recomendo a leitura atenta do livro Máfia Export, do professor de sociologia e deputado italiano Francesco Forgione. Na obra, o autor discorre sobre as ramificações e o poder da ´Ndrangheta, da Cosa Nostra e da Camorra na economia de países da América do Sul. Nos trechos reservados ao Brasil, Forgione exibe a penetração desses grupos criminosos em cidades como Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza. 
Natal passará incólume por tudo isso?  A prisão de mafiosos da Sacra Corona Unita, em 2005, é a prova concreta que não.
Ou fazemos algo pelo Alto de Ponta Negra, em respeito aos comerciantes sérios que ali estabeleceram os seus negócios, ou aquela região será o ponto inicial da expansão mafiosa por Natal.
Se é que já não foi, e que tudo isso que escrevi é passado.

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