sábado, 14 de junho de 2014

"O vacilo do armário"














Por Minervino Wanderley

Era um domingo como outro qualquer e fui para o Clube de Engenharia assistir ao jogo Flamengo X Corinthians, na espera de uma vitória do rubro-negro. Cheguei e fiquei numa mesa na qual estavam, entre outros, Léo Sodré, Wilson Cardoso, à época presidente do Clube, Mário Galvão e Josué Teixeira.

Como estava sem beber, o papo foi ficando chato pra danado ecomo o jogo só começaria às 18h, resolvi dar uma navegada na net, pra ver o que estava acontecendo, consultar e-mails, redes sociais, esses babados.

Acontece que, ao sair do computador, deixei aberta, num grave vacilo, minha página do Facebook. Vocês não imaginam o que me aconteceu por este erro.

Léo Sodré, como sempre brincalhão, percebeu o descuido e, fazendo-se passar por mim, postou um novo perfil para este inocente usuário. Neste novo Minervino, constava que eu “Tinha assumido minha preferência sexual e ia sair do armário.” Até aí, sem saber de nada, assisti ao jogo e, depois, fui ao Kopenhagen do Midway Mall encontrar a namorada que demonstrava, pelos momentos vividos entre nós, estar apaixonada. Assim como eu, confesso.

Ao chegar, estranhei sua frieza quando me sentei ao seu lado. Recusou um carinhoso beijo e inventou uma esfarrapada desculpa para ir embora. “Que porra é essa?”, pensei. Ora, tínhamos combinado de ir jantar num motel, como tinha sido no domingo passado. Eu tinha gostado muito do slogan COMA DUAS E PAGUE UMA. Fiquei com aquela cara de idiota frustrado e fui pra casa.

Convenhamos: domingo à noite, sozinho em casa, é de lascar. Fui direto para o computador me distrair e pensar sobre a atitude da minha ainda amada.

Amigos, quando abri o meu correio fiquei pasmo, desorientado, e com saudades de mamãe. Tinha um monte de mensagens de homens (?) me elogiando e me fazendo convites nada agradáveis, tipo “Parabéns por sua coragem”, ou “Unidas jamais seremos vencidas” e outras mais. Mas, o que me deixou boquiaberto foi o fato de que algumas mensagens vinham de conhecidos meus que eu julgava serem machos até a alma. Tudo querendo marcar encontro, convidando para festas “alegres”, etc.

Foi aí que me deu o estalo. Lembrei-me do Clube e de que tinha saído abruptamente do computador e não havia fechado todas as páginas. Quando vi, o estrago estava feito. Tive que refazer o perfil, responder aos e-mails relatando o fato e jurando que jamais contaria a ninguém os emissores e seus respectivos teores.

Ficou chato pra caramba isso. Até hoje, quando passo por um “daqueles”, vejo em seus olhares a pergunta: “Arrependeu-se?”. A namorada só voltou pra mim depois que Léo confessou de joelhos a ela o que tinha feito e eu, à custa de um Cialis, tive que provar, numa mesma noite, várias vezes que gostava da fruta.
Fica o conselho: ao sair de um computador, deixe tudo fechado, sob a pena de passar o que passei. Principalmente se Léo estiver por perto. Você corre o risco de receber uma mensagem dele. (MW)

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