terça-feira, 21 de outubro de 2014

Últimos dias de agonia

Leonardo Sodré
Jornalista e escritor

Completei 60 anos no último dia 21 de maio. Cheguei nesta idade consciente de que deveria ser mais condescendente com as opiniões que não batem com a minha e, como trabalho muitas vezes em equipes de marketing político, reforcei na minha mente uma máxima que me ensinaram há muitos anos: “política é a arte da convivência entre os contrários”.

"Deve-se ter a total clareza que corrupção não é política e sim politicagem" escreveu Emily Sabrina Machado, acadêmica do 3° ano do curso de Administração Pública, modalidade à distância, pela UEM, publicado no site http://www.informativo.uem.br.

Mas, o que nós vemos nesses últimos de agoniados de um período político que parece não ter fim?

De um lado vemos um candidato com propostas e que busca a alternância de poder. Um candidato de oposição. Do outro uma candidata que busca a mesma postura de oposição prometendo o que vai fazer num eventual segundo mandato. O que deixou de fazer no primeiro. Aliás, suas propostas passam ao largo de suas acusações ao candidato de oposição, enquanto seus ataques lembram as três primeiras campanhas derrotadas do seu antecessor, Lula da Silva, que somente ganhou na quarta tentativa quando assumiu a postura do ‘paz e amor’ e apresentou propostas para o Brasil.

Qualquer marqueteiro político sabe que campanhas são feitas de propostas. O candidato de oposição entendeu isso muito bem, tanto que nos debates mantém postura tranquila enquanto o marketing da situação explora defeitos fabricados, expõe montagens, agride deslavadamente o candidato da oposição. Nestes últimos dias de agonia as redes sociais, principalmente o famoso ‘Facebook’ estão lotadas dessa forma de fazer política, como era feito nas primeiras décadas da República. Nada de propostas! Tudo de agressões.

Mas é possível entender esse desespero da situação. Afinal não há mais o que dizer, o que prometer, o que se defender. Como seria possível montar uma defesa palpável para os casos mais conhecidos, dos muitos escândalos do governo petista? Imagino o pensamento do marqueteiro. Como seria possível mudar de agressões para propostas nos últimos dias de agonia? Deve se angustiar o marqueteiro.

A frase Emily, lá em cima, diz tudo e deixa refletir que politicagem é também aparelhamento do Estado pela simples ânsia de perpetuação no poder. E, aparelhamento se faz com corrupção e aí a arte de entendimento pelos contrários passa a ser a compra da consciência dos contrários. O ‘Petrolão’ e o ‘Mensalão’ são os dois últimos e maiores exemplos desse tipo de fazer política.

Ninguém pode dizer que se o candidato da oposição ganhar, fará um bom governo. Mas, sem dúvida, qualquer pessoa esclarecida sabe que se a situação se mantiver a Nação caminha para um governo totalitário; uma ditadura que caminhará para o isolamento em todas as áreas. A falta de crescimento econômico já evidencia essa realidade. De resto, resta aguardar os últimos dias de agonia para ver se teremos alguma esperança na alternância de poder, principal qualidade da democracia, ou se continuaremos a contabilizar um Estado aparelhado e ansioso de poder.

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