domingo, 17 de novembro de 2013

Uma história para Paty

Fernando Lins
Professor e Músico

Patrícia minha filha, parabéns pelo seu aniversário, Agora mesmo aqui no escritório, o técnico em computação ligou a tomada um estabilizador de voltagem e o disjuntor disparou, fiquei me lembrando  da casa de papai, do tempo em que o “medidor”, ’ assim chamado o quadro de energia, era de porcelana e quando queimava um fusível, se cortava um pedaço de papel de cigarro, aquele da cor de alumínio e se envolvia o fusível com esse papel repondo o mesmo no quadro, então a energia era restaurada.

A instalação elétrica nos anos 60 era bem simples e precária, havia bem poucos equipamentos eletroeletrônicos, e aquele papel bem fininho conseguia suportar a corrente sem maiores problemas.

Porém com o tempo e a chegada das geladeiras, liquidificador, ventiladores, ferros elétricos, TVs, chuveiros etc., os fusíveis queimavam frequentemente, papai já deixava alguns pedaços de papel de cigarro dentro do quadro de energia para a pronta reposição, somente alguns dos irmãos mais velhos eram autorizados a realizar a tarefa; a permissão era um sinal de amadurecimento.

É fácil imaginar porque as crianças de outrora eram todas magrinhas, TV era artigo de luxo, todas as casas tinham quintal, e nossas mães e irmãs mais velhas diziam “menino, vá brincar lá fora pra não desarrumar a casa”.

Pronto, era só o que nós queríamos, corríamos tanto que o pé batia na bunda, lá fora eram somente brincadeiras de cunho lúdico, tais como Tica Tica, Esconde Esconde, Garrafão, Polícia e Ladrão, Melancia, Peia Quente, Bom Barquinho, Bandeirinha, 31 Alerta, Mandraque, Mão no Bolso, triângulo, Roladeira, Patinete, Carrinho de Rolimã, Perna de Pau, Ioiô, Pião, Coruja, são tantas que não dá pra lembrar de todas.

Isso sem contar as refeições à base de frutas colhidas diretamente das árvores das quais, não raramente se despencava e tome gesso nos braços e pernas. Era o dia inteiro de atividades físicas que só eram interrompidas pelos indefectíveis e indesejados banhos vespertinos, que quando eram aplicados por Tia Naquinho, tinha-se a impressão que o couro das costas tinha ficado dentro da bacia de alumínio.

É, hoje os fusíveis ou disjuntores estão mais fortes  a tecnologia invadiu a nossa casa trancando a criançada com uma grade ou rede invisíveis em seus quartos e salas,  hoje os fusíveis estão mais fortes e nossas crianças mais fracas e não raramente gordinhas.

Um beijo,

Seu Pai.

Natal, 14/11/2013.

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