sexta-feira, 25 de abril de 2014

Fátima coordena audiência que discute reflexos da ditadura na educação


















A deputada federal Fátima Bezerra (PT) coordenou nesta quinta-feira (24) audiência pública, na Câmara dos Deputados, cujo tema trata dos “Reflexos do Golpe Militar na Educação Brasileira”. A discussão é uma iniciativa da Comissão de Educação e Cultura. “É muito importante que se faça um registro desse período que trouxe graves retrocessos para o país.  A audiência teve um caráter de natureza histórica para que as gerações futuras tenham condições de compreender melhor o que significou esse período, quando o país viveu sob a égide da ditadura militar”, frisou a deputada.


O debate contou com a contribuição de autoridades no assunto, como o sociólogo e cientista político Emir Sader; os professores Sadi Dal Rosso e Volnei Garrafa; o presidente do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti; e o representante da OAB/RN, Marcos Guerra.

“A ditadura militar golpeou severamente a educação brasileira. Além da perseguição aos estudantes, professores e a interdição ao pensamento critico, nós tivemos experiência exitosas, que foram perseguidas pelo  golpe militar. Algumas dessas aconteceram de forma pioneira no Rio Grande do Norte, como o Movimento Pé no Chão Se Apreender a Ler, As 40 horas de Angicos e Movimento de Educação de Base (MED)”, destacou Fátima Bezerra.

“Seus idealizadores e coordenadores foram perseguidos e banidos, a exemplo do professor Paulo Freire. Foi um grande prejuízo para a educação, pois esses movimentos tinham como alvo o combate ao analfabetismo. Eram programas que trabalhavam e viam a educação como um caminho para construir um país sem analfabetismo, um país justo e generoso com mulheres e homens livres de qualquer opressão e preconceito”, completou.

Participaram ainda da discussão os deputados Dr. Ubiali, Alice Portugal, Margarida Salomão, Iara Bernardi, Stepan Necessian, Glauber Braga, Paulo Rubens Santiago, Tiririca, José Silva e Dorinha Seabra.

Debate
O Golpe Militar de 1964 marcou de maneira traumática a história do Brasil. Até hoje historiadores, membros da sociedade civil e pesquisadores de diversas áreas se debruçam sobre documentos e relatos do período para tentar entender melhor os fatos que mudaram o país. Entre os muitos aspectos que devem ser analisados, estão os reflexos causados na educação brasileira.

O representante da Ordem dos Advogados do Rio Grande do Norte, Marcos Guerra, que trabalhou nas 40 horas de Angicos com Paulo Freire, disse que os principais reflexos da repressão foram violência, tortura, impunidade e corrupção. “O analfabetismo é uma questão política, econômica, de direito e de dignidade humana", frisou Marcos Guerra. Moacir Gadotti destacou que a repressão foi um golpe contra os trabalhadores, movimentos sociais e educação popular.

Além da repressão violenta, muitos educadores foram obrigados a se exilar fora do país. Os movimentos estudantis se intensificaram e, em consequência, muitos estudantes foram perseguidos, presos, torturados e mortos. O ensino médio, fundamental e universitário sofreu alterações programáticas e intensas para atender aos interesses do novo regime.

O sociólogo e cientista político Emir Sader disse que a qualidade da educação deve ser uns dos temas fundamentais no país. Assim como Emir Sader, o professor e represente do PCdoB, Volnei Garrafa, declarou que a educação brasileira ainda não se tornou um compromisso público e uma agenda prioritária no país.

Já o professor da Universidade de Brasília, Sadi Dal Rosso, pediu revisão da Lei da Anistia e mais levantamentos de informações sobre as mortes de estudantes pela repressão.

Participaram também da audiência representantes da CNTE, UNDIME, ANDIFES e Comissão da Verdade.

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