quinta-feira, 24 de junho de 2010

O sal do mar no ser da terra

Por Flávio Rezende*

Linda e agora salgadinha Mel é com temperado prazer que lhe escrevo mais esta carta, depois que tive a prazerosa missão de unido a sua amável mãe Deinha, mergulhar seu corpo com seis meses de existência material, no que chamamos de mar, um “a” a menos, mais nem por isso menor, do que chamamos de “amar”, resumo de tudo que é bom e que uma vez mergulhados, ansiamos não mais emergir.

E foi justamente isso que sentimos ao lhe apresentar a um dos elementos naturais mais importantes que dispomos em nosso maravilhoso planeta: amor. Amor por chegarmos a este momento sem que apresentasse um só problema de saúde. De chegar a esse contato com o sal do mar em perfeita harmonia, com você bem, sadia, feliz, sorrindo todos os dias com tanta intensidade, que o pequeno corpinho se contorce em animadas sessões físicas, observadas e apreciadas por todos que acompanham sua trajetória cotidiana.

O mar tem um significado todo especial para seu pai, sendo um lugar onde de maneira recorrente, carrego minhas baterias para dias de muitas atividades e decisões.

Os estudiosos compartilham informações que foi do mar que viemos descendentes de antigos seres de constituição primitiva que, lentamente evoluíram para o que hoje somos.

Composto pelo elemento água, tão fundamental para nossa existência quanto o ar que respiramos, o mar tem sido fonte de alimentação, de navegação, de inspiração e fornecedor de matéria prima essencial para nossa vida em todos os sentidos.

Observando suas reações a tão significativa apresentação no fim de maio de 2010, percebi em consonância com sua mãe, um duo de alegria com receio, natural diante de sensações ainda neófitas para sua juvenil presença em nossa adorável Terra.

Num primeiro momento você sorriu, o ventinho gostoso varria sua pele, promovendo em sua epiderme a festa do bem estar, numa mistura de cores lindas como o azul do céu, o verde suave do mar, tudo amalgamado pela presença sempre feliz e positivamente energizada pelo bem dos seus pais.
Depois seu corpo tocou o mar, seus olhos observaram a imensidão dele e, a imersão em suas águas salgadas, normalmente remete os seres, até os adultos, a certo temor de que possamos nos dissolver diante deste gigante. É assim quando somos confrontados com coisas gigas, super, hiper, tendemos a recuar, contorcer o corpo em providencial defesa.

Mas a presença primeira da mãe, depois do pai, promoveu a segurança, no segundo, terceiro e seqüenciados mergulhos, o medo disse bye-bye e a alegria da vida anunciou a chegada, com os olhinhos voltando a brilhar e o sorriso a emoldurar seu tão querido ser.

Na saída deste primeiro e lindo encontro, na praia de Rio Doce, divisa entre Búzios e Tabatinga, um novo incômodo, uma vez que o corpo molhado sentia um friozinho de leve, tornando a doce Mel tristonha e, necessitada de uma manta corretiva.

Atendendo a todas as necessidades que o momento requeria, Deinha, mãe dedicada e amorosa, albergou você salgadinha em seus braços, eliminando seu frio e posando, com seu pai, para fotos eternas.

E novas apresentações estão sendo feitas a você abençoada e desejada filha, como o primeiro suquinho, a primeira frutinha batida, passeios mais ousados e, de sua parte, já percebemos um esforço danado em pronunciar as primeiras palavras.

Agora temos o mar presente em nossas vidas. O sal individualizado torna os alimentos mais saborosos e, a água oceânica que chamamos de mar com este sal importante para nossa existência, formatam uma união saudável e fundamental, afinal, em sua vida, o mar será sempre protagonista de muitos atos e, torcemos nós seus pais e Gabriel Kalki seu irmão, que esta relação que se inicia, seja sempre tão profunda e imensa, como o mar é e que, o amar que citei no início deste texto, seja a nau que lhe conduza por todo o sempre.

* É escritor, ativista social, pai de Mel, Gabriel e esposo de Deinha em Natal-RN - (escritorflaviorezende@gmail.com)

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