sábado, 31 de maio de 2014

A ARENA E O POBRE
















Fernando Lins
Professor e Músico

Desculpem-me, mas dizer que os estádios de futebol, agora chamados de arena,  construídos para  a Copa do Mundo FIFA a ser realizada no Brasil, são um legado para todos, não é uma verdade absoluta.

Quem conhece a sanha do lucro fácil dos envolvidos na promoção do evento, sabe que um jogo de futebol do seu time predileto custa no mínimo 50 reais. Multiplicando esse valor por oito, que corresponde ao número de vezes que um time joga em um mês, na maioria dos campeonatos, só aí seriam gastos 400 reais em um mês.

Quem ganha salario mínimo de 724 reais dificilmente poderia ir a todos os jogos. Consequentemente a grande maioria dos assalariados teria dificuldade de acompanhar o seu time.  As opiniões daqueles que estão diretamente ligados ao evento esportivo, fazem de seus comentários uma elegia as benesses sociais que esse legado trará ao povo.

Vejam só essa pequena estatística, na Copa de 2002: o  Japão e Coréia do Sul gastaram 10 bilhões de dólares e a FIFA, após pagar os impostos, teve um lucro de 3 bilhões.

Em 2006, a Alemanha gastou 9 bilhões de dólares e a FIFA após pagar os impostos, lucrou 5 bilhões. Em 2010 a África do Sul gastou 11 bilhões e a FIFA, após pagar os impostos lucrou seis bilhões.

No Brasil a FIFA vai lucrar 15 bilhões de dólares e governo deu ao órgão gestor do futebol mundial, isenção total dos impostos, mesmo tendo uma despesa orçada oficialmente, pasmem de 35 bilhões de reais.

Algumas dessas obras, com certeza trarão benefícios públicos, mas o gasto do erário foi absurdamente alto, de tal forma que a grande maioria dos estados envolvidos com as obras “padrão FIFA” não as terminarão a tempo .

A situação aviltante da saúde, educação, segurança, moradia, aqui em Natal, faz eclodir a cada instante uma greve na cidade. É como se aplicasse um piso de mármore de Carrara na sala de estar e outro de barro batido na cozinha e nas dependências de empregados.

Espero realmente que eu esteja errado e ser testemunha de uma Natal melhor.
Houve tempos que pobre só entrava em arenas, pra ser mordido por leões, mesmo sem que fossem contribuintes.

Quem viver verá.

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