quinta-feira, 29 de maio de 2014

Cataventos do artista popular Zé de China colorem jardins da Pinacoteca Potiguar


Primeira individual do escultor José Daniel Filho, conhecido como Zé de China, é composta por 15 peças que recriam cenas do cotidiano das pessoas do campo. Mostra será aberta nesta quinta-feira, 29, às 19h.
A beleza da arte genuinamente popular produzida por um homem simples e, ao mesmo tempo, engenhoso e criativo, surpreende aos espectadores com seus objetos que recriam cenas peculiares da vida no campo. Revelado no ano passado no III Salão Nordeste de Arte Popular Chico Santeiro, o escultor José Daniel Filho realiza na Pinacoteca Potiguar sua primeira exposição individual, “Zé de China: mestre da arte popular em movimento”, que será aberta nesta quinta-feira, 29, às 19h.

Com curadoria do professor Francinildo da Silva, que selecionou 15 cataventos, a mostra está montada nos jardins do museu e permanecerá em cartaz até o dia 02 de agosto. Interessante destacar que este momento, tão importante para o artista, natural de Major Sales, região Oeste, que produz peças que se movem ao sabor dos ventos, coincide com a marca história registrada dia 15 de maio: geração de 1,16 GW de energia eólica, nos 41 parques de energia do RN, fato que coloca o estado no topo da lista dos produtores de energia limpa e renovável do País.

Filho de José Daniel da Silva, ferreiro da região, de quem herdou o ofício de ferreiro, e casado com Ana Gomes Daniel, desde 1979, com quem teve quatro filhos, Zé de China, aos 58 anos, reside atualmente no distrito de Fazenda Nova, vizinho à cidade de Major Sales. Leva a vida construindo cataventos e em cada um deles projeta cenas do seu cotidiano, como por exemplo: pessoas pilando milho, ferreiros trabalhando o ferro, marceneiros cerrando a madeira, bateristas tocando em bandas de música, trios de forró, carroças puxadas por tração animal, vaqueiros na pega do boi, ordenhas de vacas, camponeses arando a terra e uma infinidade de outros temas. “É o vento do oeste que dá movimento e vida a seus personagens”, afirma Francinildo.

Durante toda a sua vida, o barulho com o ferro sempre se fez presente, fruto do legado de gerações antigas, vindo com seus familiares, os primeiros habitantes do Oeste Potiguar. A arte produzida por Zé de China explora efeitos especiais, utilizando conhecimentos básicos da física mecânica, sem abdicar de ilusões óticas. Para facilitar seu trabalho – utilitário e poético - reaproveita o motor de um ventilador em desuso, com o qual mantém a chama do forjo acesa, podendo, então, moldar o ferro e criar inusitados cataventos cujos movimentos são, metodicamente, sincronizados.

Todo esse processo acontece em uma pequena oficina de trabalho, localizada em espaço próprio, distante alguns metros de sua residência. Zé de China, no meio em que vive, nem podia imaginar que um dia seus engenhos eólicos poderiam ser classificados como  obras de arte, pois os mesmos, ainda hoje, destinam-se a ser colocados no teto – ou cumeeira - das casas rurais, como simples objetos lúdicos para embelezar a paisagem e finalmente encantar, os olhos das “crianças” de qualquer idade.

“Graças à sensibilidade estética do médico e pintor Etelanio Figueiredo, mantivemos os primeiros contatos com a obra do artista Majorsalense”, frisa Francinildo. O professor Antonio Marques de Carvalho e os artistas Dorian Gray e Francisco Iran o elegeram como 1º lugar, na categoria de “objeto de arte popular”, por ocasião do III Salão Nordeste de Arte Popular “Chico Santeiro”, promovido pela Secretaria Extraordinária de Cultura e pela Fundação José Augusto, em 2013.

“É interessante observar que a todo momento surgem artistas trazendo novas linguagens, até no campo da arte popular. Zé de China é um deles. Eu nem o conhecia. Essa vitalidade da arte é uma maravilha”, destaca Dorian Gray. Realmente imperdível a exposição do mestre da arte popular em movimento. Que os bons ventos continuem soprando a favor da arte popular.

Performance na Pina – A poeta Civone Medeiros abre a exposição Mais Amor por Amor, nesta quinta-feira, 29. A mostra permanecerá em cartaz até 28 de junho. Conhecida por suas performances poéticas, ela transpõe sua poesia para pequenos pedaços de tecido, compondo varais poéticos. Dois estilos em cartaz, duas mostras em para seduzir os visitantes.

Serviço:
Exposição “Zé de China: Mestre da Arte Popular em Movimento”, Mostra Mais amor por Amor (Civone Medeiros), lançamento dos  livros Música em Conto, de Cláudio Galvão, e Conversa e Prosa, organizado por Isaura Rosado (volumes 47 e 50 da Coleção Cultura Potiguar/FJA). 19h, Pinacoteca Potiguar (Praça Sete de Setembro, s/n, Cidade Alta). Visitação: de terça a domingo, das 8h às 17h. Tel.: (84) 3211-7056.

Por Eliade Pimentel

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