quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cinema ibero-americano é tema de discussão no Cine Natal


Com o tema “Na mesma direção: O cinema ibero-americano e seus contadores de histórias”, teve prosseguimento nesta terça-feira (5), no auditório do Serviço Social do Comércio (Sesc), na Cidade Alta, o seminário “E por falar em cinema. O colóquio se insere na programação do Cine Natal, promovido pela Prefeitura do Natal, por meio da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), dentro das comemorações do Natal em Natal.

Participaram da mesa, o cineasta pernambucano Cláudio Assis, realizador dos longas Amarelo Manga, Baixio das Bestas e Febre do Rato; o espanhol Santiago Zannou (El Truco del Manco, Alacrán Enamorado e El alma de La Roja); o produtor e diretor português, Alexandre Cebrian Valente (Eclipse em Portugal); e o documentarista mineiro, radicado em Natal, Paulo Laguardia. A mesa foi coordenada pelo repórter fotográfico e diretor da ZooN e Goiamum Audiovisual, Henrique José.

A palavra de ordem na palestra do realizador espanhol, Santiago Zannou, foi coerência. Conforme o cineasta, um filme mostra o pensamento do artista. Este – na visão de Zannou - tem a responsabilidade de transmitir uma mensagem coerente com o seu ponto de vista. “O cinema tem a missão de romper barreiras entre países e pessoas, além de compromisso social”, observou.

Admirador do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, Santiago Zannou considera seu cinema engajado e de forte cunho social. Na opinião do realizador, o cineasta tem que conhecer a sua própria identidade. Ao falar sobre sua condição de negro, disse que sofria discriminação racial na escola e era chamado de sujo pelos outros estudantes, acrescentando que tomava até três banhos antes de ir para a unidade escolar.

Ele assinalou que a crise no cinema espanhol não é de ordem criativa, mas, sim, econômica. De acordo com Zannou, o atual governo da Espanha cortou em quase 60% os subsídios para a Sétima Arte, em nome da crise econômica, o que afetou toda a cadeia produtiva. “O que dói é o racismo e a situação dos imigrantes na Europa. O reflexo das ruas não chega às telas”, afirmou.

Para o cineasta português Alexandre Valente, falar de cinema é um privilégio e realizar cinema é como respirar. Contou que foi fazer cinema na única escola possível. Queria passar ideias a 24 quadros por segundo: “Admiro muito o cinema sul-americano. Hoje temos a necessidade de educar o povo por meio do cinema. Atualmente, vivemos uma crise de valores. Mais do que fazer cinema é continuar a fazer cinema. Deixar uma assinatura para o futuro”.

O cineasta pernambucano Cláudio Assis deixou uma filmagem no sertão de Pernambuco para participar do seminário. Contou que começou na condição de cineclubista e ajudou a fundar mais de 20 cineclubes em Pernambuco, partindo depois para realizar os próprios filmes. O diretor de “Febre do rato” informou que o edital público do Governo de Pernambuco destinou um total de R$ 11,5 milhões para incentivo da produção e difusão audiovisual para o cinema. “Hoje é muito mais fácil fazer cinema. Fiz meus filmes com dinheiro público, com respeito e responsabilidade. As produções da Globo Filmes também são com dinheiro público, mas não têm compromisso social. O filme tem que ter algo a dizer”, ensinou.

O representante natalense no seminário, o documentarista Paulo Laguardia, disse que entrou por acaso no ramo do cinema. Funcionário aposentado do Banco do Brasil, Laguardia integrava a comissão da Lei Câmara Cascudo, quando tomou conhecimento sobre a obra da cineasta potiguar Jussara Queiroz, radicada em Niterói (RJ).

Encantado pela história de vida da realizadora, ele conseguiu recursos e realizou o documentário “O voo silenciado do Jucurutu”. O filme ganhou o Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro (DOCTV): “O DOCTV foi extinto inexplicavelmente. O programa descentralizou e democratizou a exibição do documentário no Brasil”. Depois do projeto Jussara Queiroz, Laguardia filmou “Cais do sertão”, doc sobre o bairro do Alecrim, e “Sebo Vermelho – O Cantão de Abimael”.

Exibição
Hoje está programado a exibição de “Febre do Rato”, longa premiado do diretor Cláudio Assis. O filme será exibido na Casa da Ribeira, às 190 horas. A entrada é franca.

O seminário prossegue amanhã (6), com oficina ministrada pelo roteirista Marcelo Caetano, com participantes do edital de curtas-metragens de ficção, a partir de 8 horas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário