domingo, 12 de dezembro de 2010

Minha velha mocinha

Todos os anos no dia 08 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, lembro-me de Mocinha. Pernambucana de Itapissuma. Devota, como a maioria dos pernambucanos católicos, da Virgem da Conceição. Não havia um dia 08 de Dezembro em que ela não subisse o Morro da Conceição em Casa Amarela, no Recife, para pagar suas promessas.
Senhora da Conceição
Minha Mãe
Minha Rainha
Dai-me a vossa proteção
Minha querida madrinha
Vela acesa, subo o morro
Pra pagar minha promessa
Vou vestir azul e branco
Pra pagar eu tenho pressa
Hoje minha mãe querida
Faço essa louvação
Com o povo rendo graças
À Virgem da Conceição
Mocinha trabalhou em minha casa durante 11 anos e durante esse tempo quem tinha vez lá em casa era “a menina”. Era assim que ela chamava a minha filha primogênita Milena - tudo era “pra menina” e “da menina” -, e ái de quem metesse a mão em alguma coisa dela.
Monossilábica, na maioria das vezes, mas quando abria a boca e desembestava a falar ninguém entendia nada. Eu, com o tempo, aprendi a “traduzir” o seu palavreado.
Ela era uma mulher “feita”, cinco anos mais velha do que eu. Diabética, hipertensa e com uma úlcera gástrica das brabas, doenças que me davam autoridade de fazê-la entender que precisava se cuidar e motivo das nossas brigas. Sempre que passava mal eu lhe inquiria:
- Mocinha, o que você comeu?
E ela me respondia com a voz sumida.
- Nada...
- Nada o quê, Mocinha?
E ela confessava.
- Toucinho, frito com farinha.
Dava vontade de acabar de matar. E lá ia eu fazer chá, comprar remédios e, por algumas vezes, levá-la nas últimas para um pronto-socorro.
Parecia um peixe morrendo pela boca. Algumas vezes eu flagrava Mocinha comendo o que não podia. Então, eu “voava” feito um carcará para tirar-lhe das mãos ou da boca as suas “delícias” proibidas.
Nós nos respeitávamos. Quando ela amanhecia de “lundum” eu fazia de conta que nem via. Afora a falta de cuidado com sua saúde e só gostar de comer o que não devia, era uma pessoa boníssima, adorava minha filha - o que para mim era tudo -, e cozinhava muito bem.
Eis uma das muitas delícias da minha Mocinha, de quem tenho saudades e até hoje guardo comigo a imagem da Virgem da Conceição que ela me presenteou quando da nossa despedida. Pense num choro!

Tainha Recheada Assada na Folha da Bananeira com Arroz de Leite de Coco
Ingredientes
Uma Tainha inteira (aproximadamente 2 kg) escamada e limpa
Suco de dois limões
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto

Para o Recheio
Uma cebola picada
½ pimentão picado
Um tomate picado
½ molho de coentro picado
½ molho de cebolinha picada
Azeite de oliva o quanto baste
Pimenta de cheiro a gosto
Sal a gosto

Modo de Fazer
Limpe o peixe retirando todas as escamas. Abro-o pela barriga e remova as vísceras. Tempere o peixe, por dentro e por fora, com sal, pimenta do reino e o suco de limão. Deixe descansar por 1 hora na geladeira.
Pique em pedaços pequenos todos os ingredientes do recheio e tempere com sal e azeite de oliva.
Retire o peixe da geladeira e coloque o recheio.
Pegue uma folha de bananeira, corte no sentido longitudinal, limpe-a e
coloque no calor da chama do fogão para que fique mais macia e maleável, tendo cuidado para não queimar.
Arrume a folha em uma assadeira, deite o peixe recheado, regue com o restante do azeite, embrulhe todo o peixe com a folha da bananeira dobrando as pontas para não vazar.
Leve ao forno por 40 minutos, em temperatura alta (290º). Observe se a folha está bem tostada. Retire do forno, abra folha de bananeira e sirva com arroz de leite de coco.

Arroz de Leite de Coco
Ingredientes
Três xícaras (chá) de leite de coco seco
Uma xícara (chá) de água
Duas xícaras (chá) de arroz
Sal a gosto

Modo de preparo
Em uma panela, coloque o leite de coco e a água e deixe no fogo até ferver. Adicione o arroz, sal e deixe cozinhar no fogo brando até ficar macio.
NOTA: O peixe também pode ser feito na grelha e se você não conseguir a folha da bananeira (que dar um sabor todo especial) faça com papel alumínio.
Até domingo!

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