sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Temos que investigar os nossos

Paulo Correia
Jornalista

Em meio à comoção nacional por conta das ações policiais nos morros cariocas, que abalaram as finanças e o poderio de fogo dos traficantes, me pergunto se uma ação desse tipo não poderia ser posta em prática aqui no Rio Grande do Norte, principalmente nas cidades da Região Metropolitana de Natal, onde o tráfico de entorpecentes cresce a cada dia. E onde também se registra uma parceria perigosa entre os bandidos e alguns homens da Lei.
Acredito que os pontos de Natal onde o comércio da droga são mais frequentes são do conhecimento de todos nós. Mãe Luíza, Passo da Pátria, Vila de Ponta Negra já são cartões postais para os usuários e os traficantes. E por que as vendas nessas localidades nunca diminuem? Por que também na periferia de Macaíba, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante esses números nunca caem? Acredito que a corrupção policial é uma das respostas.  
Tomando como exemplo o caso da prisão do policial militar Joniere Alves, que foi detido no município de Macaíba no dia 29 de novembro por suspeita de participação em 13 homicídios e que foi preso por ter associações com traficantes locais, as minhas suspeitas sobre essa parceria suja só aumentam. Será que não é a hora da nossa força policial cair em campo para combater essa banda podre?
 Será que antes das invasões espetaculares, com policiais armados até os dentes em favelas ou periferias, não seria preferível um trabalho de investigação desses traficantes de drogas? Não seria melhor averiguar os seus contatos nas fileiras da força pública, seus contatos com fornecedores de outros estados?
Prender traficantes pequenos é vantajoso apenas para fazer número, mas a real eficácia dessas operações seria completa se pudesse ser promovida com mais tempo, e na hora do vamos ver pegar toda a quadrilha, não apenas os malandros de sempre.
No Rio de Janeiro e no nosso velho Rio Grande do Norte o que favorece esse poder paralelo dos traficantes de drogas é a omissão total dos gestores públicos em favelas e periferias. Um fechar de olhos para uma imensa população que deseja o mesmo que todo mundo: Viver decentemente em uma localidade sem acordar com sobressaltos.
No Rio, os anos de omissão foram cruéis com as populações dos morros, que viram os bandidos pés de chinelo transformar-se em super traficantes. Que viram toda a barbárie que esses homens praticam pelo poder. Matando, estuprando meninas menores de idade, viciando os mais jovens e recrutando-os para os telhados, onde passam a curta vida observando as ruelas e morrendo por nada. Um exército de garotos perdidos em uma guerra insana, como bem registrou o rapper MV Bill e o ativista de direitos humanos Celso Athayde no livro Falcão – Meninos do Tráfico.
Acredito que o problema das drogas no RN ainda é contornável. Ainda não temos regiões controladas, oficialmente, pelo tráfico local. Mas se não observarmos essa questão com maior cuidado, poderemos sim caminhar para uma realidade carioca.
Que 2011 traga bons projetos para esse setor.      

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